09/08/2009

Horseshoe Vitex



Vitex negundo L.

Este arbusto mora num canteiro de cimento do Jardim Botânico do Porto, onde partilha a exígua assoalhada com mais duas árvores. O local, anexo às estufas, serve de arrecadação de ferramentas e de vasos com mudas; presume-se, pelo desarrumo, que esteja fora do roteiro normal dos visitantes, embora não tenha sido vedado. A planta não está identificada, mas um jardineiro assegurou-nos que lhe sabia o nome - embora, de momento, ele lhe fugisse. Acontece. Receamos, contudo, que não tenha sido apenas o nome a apagar-se da memória de quem cuida do jardim. Reconhecendo embora que os outros seres podem ter uma vida independente do nosso desvelo, estaremos igualmente prontos a aceitar o esquecimento?

Há algumas diferenças, embora pequenas, entre este Vitex e o agnus-castus. As margens das folhas são vincadamente serradas e os folíolos centrais têm pecíolo. As flores são menores, de um azul pálido, e o racimo não se parece tanto com uma espiga. A floração começa na Primavera e estende-se até ao fim do Verão.

Esta espécie de Vitex é originária de África e do este asiátio. A folhagem é caduca, como a do agnus-castus, e resistente ao ar salgado da beira-mar. O epíteto negundo deriva, segundo William T. Stearn, do sânscrito nirgundi, e justifica-se na designação Acer negundo pela semelhança das folhas dessa árvore (muito comum na arborização pública) com as deste Vitex.

Reparou, estimado leitor, que na pétala maior de cada flor está desenhada uma ferradura?

2 comentários :

Miguel disse...

De facto, esse desenho (ferradura) parece repetir-se bastante na natureza.
Belo post :)

Maria Carvalho disse...

Obrigada.
Esta marca é frequente nos caules, no sítio onde antes tenha estado preso um ramo. Em flores, não me lembro de mais exemplos assim tão notórios.