04/02/2010

Calcitrapa

Centranthus calcitrapae (L.) Dufresne
As flores do género Centranthus têm cinco pétalas desiguais, dando bom uso à equação 1+2+2 = 5. O nome deriva do grego kentron, espora, e anthos, flor, por isso alguns manuais não hesitam em informar que a corola destas flores, que tem uns 5 mm de comprimento, é rematada por uma espora — que lhe serve de despensa para o excesso de néctar. Sabemos agora que nem todas as espécies deste género cumprem o regulamento: a calcitrapa não tem esporas, as suas flores remedeiam-se com uma corola tubular curta (1-3 mm) de base insuflada como uma barriguinha embaraçosa.

Trata-se de uma herbácea anual baixinha (até 40 cm de altura), com dois tipos de folhas opostas — as basais liradas e com matizes avermelhados, as superiores penatipartidas — e caule oco. A inflorescência desenvolve-se em dois níveis com um topo achatado, e atrai borboletas de Fevereiro a Agosto. Em cada flor, notam-se, aumentando a foto, um estame glabro e proeminente, com uma antera na ponta, e um estilete. O fruto é uma semente com um anel de cerdas plumosas, ex-sépalas, que traz à memória um estrepe (em latim calcitrapa), antigo artefacto de guerra usado em trincheiras para dificultar a passagem ao inimigo. É uma planta frequente em terrenos incultos e em muros do sul da Europa e região mediterrânica. Precisa de solo seco e soalheiro, preparando-se talvez para o deserto que aí vem.

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