03/02/2010

Estrelinhas a seco

Asteriscus aquaticus (L.) Less. Pallenis spinosa (L.) Cass.
Diminutivo de aster, a palavra grega asteriscus, que podemos aportuguesar para asterisco, significa pequena estrela. As inflorescências desta planta, aninhadas em cálices de brácteas salientes, são uma versão penugenta e rococó do sinal gráfico que leva o mesmo nome. Asteriscos: pequenas estrelas de tinta no papel, ou pequenas estrelas floridas nos prados. Tanto umas como outras nos puxam para baixo: quando as encontramos no papel, o olhar descai para o rodapé da página; se as vemos nos prados, é no chão que os olhos se detêm.

Se este asterisco-planta, uma das três espécies do seu género, todas elas da região mediterrânica, cumprisse a promessa do seu nome científico, o título aí cima seria estrelinhas-de-água e ficávamos todos a ganhar. Mas é um facto que ela não faz da hidrofilia uma condição de vida. Não frequenta charcos: bastam-lhe terrenos arenosos, prados ou bermas de caminho. Alegam os manuais que um pouco de humidade no Inverno lhe vem mesmo a calhar. Haverá, no entanto, alguma planta espontânea no nosso território que, nesse período, esteja a salvo de chuvas e orvalhos? O epíteto aquaticus parece, afinal, um exagero. A confirmar isso mesmo, o asterisco — a que, pelas mesmas equívocas razões, também chamam pampilho-de-água — foi encontrado na Serra dos Candeeiros, local onde, mesmo em semanas de chuva forte, o solo ultra-poroso nunca fica encharcado.

A terminar, sumariemos os sinais particulares do Asteriscus aquaticus: é uma planta anual, ramificada e erecta, de não mais que 40 cm de altura; as suas inflorescências, com pétalas de pontas dentadas dispondo-se em dupla camada, surgem de Abril a Junho, e têm de 2 a 3 cm de diâmetro.

Errata. A planta das fotos é na verdade uma outra muito semelhante, a Pallenis spinosa, que até já se chamou Asteriscus spinosus e se dá bem em relvados e terrenos baldios.

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