06/01/2011

Meimendro branco ou negro

Hyoscyamus albus L.


Traduzido do grego, o nome científico Hyoscyamus significa fava dos porcos. Além de enganadora, essa designação revela desdém tanto pelos porcos como pela planta. De facto, o meimendro — como é conhecido no vernáculo — não é uma leguminosa, e portanto não produz nada que se pareça com favas; e, sendo venenoso, não é dieta que se recomende a ninguém, nem a um porco. A família Solanaceae, a que pertence, inclui plantas comestíveis tão importantes como a batata, o tomate e a beringela; mas inclui outras perigosamente tóxicas como a beladona (Atropa belladonna) e a figueira-do-inferno (Datura stramonium). É neste clube de má fama que se filia o meimendro, mas até um renegado pode ter virtudes redentoras. A hiosciamina, um dos compostos que se extrai do meimendro, tem efeitos psicotrópicos e sedativos, e provoca a dilatação da pupila ocular; por isso, a planta é útil em farmacopeia e terá sido outrora usada em cerimónias de bruxaria para induzir transes e alucinações.

As cerca de 23 espécies do género Hyoscyamus distribuem-se pela Macaronésia, Europa, Ásia e norte de África; na Península Ibérica (e em Portugal) apenas ocorrem duas, H. niger (meimendro-negro) e H. albus (meimendro-branco), e dessas só a segunda é espontânea nos Açores. O meimendro-negro e o meimendro-branco, embora parecidos, distinguem-se bem pelas flores (as do meimendro-negro são raiadas por veias púrpuras) e pelas folhas (que no meimendro-branco, como se vê na 1.ª foto, são pecioladas, e no meimendro-negro são sésseis). São plantas perenes, por vezes apenas bienais, que atingem uns 80 cm de altura, têm um aspecto algo hirsuto, e, por serem pegajosas e fétidas, são desagradáveis ao tacto e ao olfacto. As hastes florais, decoradas com brácteas semelhantes a folhas, lembram serpentes desenroladas, e as flores tubulares, com uma mancha arroxeada ao centro, têm cerca de 3 cm de diâmetro.

Nos Açores o Hyoscyamus albus está restrito a habitats rochosos ao longo da costa. As plantas que aqui exibimos foram fotografadas em Porto Martins, onde faziam companhia às vidálias.

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