Dedaleira de primeira
Digitalis thapsi L.
Os dedais de flor não a distinguem da Digitalis purpurea L., embora os das fotos sejam de um tom de rosa mais claro com laivos cor-de-groselha e nasçam amarelos. A folhagem arrosetada e os caules ajudam mais na identificação: são revestidos por um indumento amarelo e pegajoso, feito de pêlos e glândulas — e talvez daí lhe venham os nomes comuns abeloura-amarelada e pegajo. Os cálices e as corolas são também externamente pubescentes, e toda a planta exibe uma ar macio e peludinho.
É um endemismo do oeste da Península Ibérica (os ingleses chamam-lhe Spanish peaks), preferindo encostas pedregosas e pousios nas montanhas do centro e centro oeste. Em Portugal é mais frequente no norte e centro, mas, segundo a Flora Ibérica, também é vista pelos Algarves. Não surgindo imprevistos, floresce entre Maio e Agosto. Podem ler no nosso vizinho mais informação sobre ela.
Está registado um híbrido entre a D. thapsis e a D. purpurea, a que os botânicos espanhóis chamam D. purpurea nothosubsp. carpetana (Rivas, 1925) e que os botânicos portugueses, que o avistaram no norte do país, designam por D. minor (Coutinho, 1906). O epíteto thapsi é problemático. Lê-se na maioria das referências que deriva do nome de algum lugar no norte de África, e nós acreditamos, claro; mas neste caso alude provavelmente ao tomento amarelo que recobre a planta e que terá lembrado a Lineu (que a baptizou) a Thapsia villosa em flor.
2 comentários :
Uma flor que muda de cor, como os frutos, quando amadurece, acho linda!
Obrigada, Maria.
É uma estratégia esperta, sem dúvida, esta de a flor ter duas idades, como sucede connosco: em botão tem de passar despercebida para não ser visitada pelos polinizadores antes do tempo (e o amarelo não é o tom usual do pólen, isso seria suicida); depois, pelo contrário, tem de os atrair, e a cor é outra, um rosa tentador (o da pantera cor-de-rosa...).
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