A melhor árvore para o seu deserto
As ilhas Canárias, tal como as do arquipélago da Madeira, são poiso de muitas margaridas, distribuídas por vários géneros, alguns endémicos. Mas a que lhe mostramos hoje é especial. Ora veja se concorda.
Kleinia neriifolia Haw.
Parece um cacto, por ter folhas suculentas (de largura variável conforme as ilhas) e ramos articulados (lembrando os dragoeiros), grossos e nodosos. É um arbusto alto (pode atingir os 3 metros), perene, embora de folhagem caduca: depois da floração, fase muito perfumada entre Agosto e Novembro, muda bastante de aspecto. As folhas são coriáceas e sésseis, formando rosetas verdes no topo dos ramos, caindo no início da estação mais seca. As inflorescências em corimbos terminais, com um pé longo, agrupam inúmeras florinhas tubulares de um tom geral amarelo pálido, com corolas brancas de cinco pétalas. Os aquénios (estruturas modificadas, semelhantes a pára-quedas para facilitar a dispersão das sementes pelo vento) são tantos e tão aveludados que, antes de se desprenderem, dir-se-ia que a planta agarrou uma nuvem com que cobre a cabeça.
Esta espécie ocorre em todas as ilhas das Canárias e é muito frequente nas zonas costeiras. Aprecia ravinas pedregosas com clima semi-árido, entre os 50 e os 1000 metros de altitude, mas pequenas variações da temperatura. Crê-se que vive só de ar, mas as raízes são longas e não desperdiçam nenhuma da água que se acumula nas fissuras das rochas.
Quererá agora o leitor voltar às fotos acima para conferir estes detalhes? Está bem, nós esperamos.
O nome do género é dedicado a Jakob Theodor Klein (1685-1759), um botânico alemão que criou uma classificação controversa para os organismos vivos (enfim, alguns animais) baseada em características morfológicas simples e fáceis de detectar (número de patas, e assim), e que, com o trabalho mais científico e metódico de Lineu, caiu no esquecimento. Para nós, matemáticos, a Kleinia bem poderia ser uma homenagem ao geómetra Felix Klein (1849-1925), autor de uma teoria unificada em Geometria, entre muitos outros contributos matemáticos, e também da famosa superfície não orientável conhecida como garrafa de Klein.
2 comentários :
Planta espectacular e belo comentário.
Uma beleza! Na agreste rocha, ainda assim generosa.
Hoje vi uma notícia interessante: um artigo de Noel Kingsbury sobre um jardim em Toledo. Perfeitamente adaptado ao clima seco da zona. Lembrei-me dos Árabes e o seu gosto por jardins. Lembrei estas v/paisagens...
Abç
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