25/10/2011

Ruibarbo-dos-pobres

Thalictrum speciosissimum L.
Imagine um arbusto de aspecto frágil com um metro de altura, de folhagem esparsa e acinzentada como lava, encimado por vistosos penachos amarelos. Já está? Aí tem o figurino desta planta. Agora coloque bastantes exemplares na margem de um ribeirinho, rodeados por juncos e herbáceas de menor porte, e entenderá por que Lineu a designou, em 1758, por speciosissimum.

Setenta anos depois batia-se a primeira fotografia mas a divulgação científica apoiada em desenhos era, como hoje, dispendiosa. Por isso as descrições botânicas exigiam uma minúcia que as imagens a que acedemos actualmente dispensam, e as particularidades desta planta foram sendo vertidas nos vários nomes que recebeu: T. glaucum Desf. (pela cor da folhagem), T. flavum subsp. glaucum (Desf.) Batt (pelos fascículos de flores amarelas), T. costae Timb.-Lagr. ex Debeaux (porque o fruto é fatiado, tem «várias costas»). A designação aceite agora é, como mandam as regras, a primeira, de Lineu, ainda que seja a mais vaga de todas.

É uma planta vivaz, nativa da região mediterrânica oeste e Península Ibérica, ocorrendo em prados húmidos e juncais até aos 1600 metros. Sem as flores, de Primavera-Verão, com estames salientes e 4 a 5 tépalas, reunidas em densos corimbos, não é fácil dar por ela. As folhas compostas, de pecíolo longo e nervação proeminente na face inferior, com 3 a 4 dentinhos no ápice e estípulas ovais ajudariam na identificação, não fosse esta uma espécie que, no sul da Península, exibe grande variação morfológica. O melhor mesmo é irem vê-la ao Gerês.

(O ruibarbo é a poligonácea asiática Rheum officinale Baill., com uso medicinal e culinário.)

2 comentários :

Carlos M. Silva disse...

Olá Maria
Nas minhas duas viagens/11 ao Gerês,não tive a sorte-por que é disso que se trata,sorte:não sei o que se pode encontrar em cada zona-de o ver nos lugares que indicam, em prados,e em quantidade.
Sucede porém,que em Jul/11,já acelerando nas curvas e contra-curvas da subida,saindo do Gerês, de regresso a casa,parei bruscamente a seguir a uma curva,apenas por que algo amarelo e altivo a 100 m atrás,se abanava ao vento do outro lado da faixa da estrada.
Parado o carro verifiquei que era uma planta nova e desconhecida para mim.Identificada depois num livrito que possuo,acho que como T. glaucum,posso agora registá-lo com o nome certo.É reconfortante vir aqui e aprender mais e mais.
Carlos Silva

Maria Carvalho disse...

Sim, sorte e atenção. E as tuas não são pequenas.