Árvores onde poisa o céu
Na nossa romaria ao Parque de Vizela, previmos encontrar exemplares de árvores que foram moda na horticultura europeia do final do século XIX: plátanos, em alamedas - e eles lá estão, enfileirados e soberbos; tílias prateadas - e um grupo delas, altaneiras e de copa frondosa, cerca-nos depois do primeiro repuxo; sequóias, porque aos criadores do Parque não teria passado despercebida a abundância de água que estas coníferas tanto apreciam; tulipeiros, sobre cuja floração o jardineiro das Virtudes escrevera sabiamente e que tão bem vegetam em espaços vastos; e, naturalmente, camélias.
Mas Marques Loureiro e Monteiro da Costa quiseram deixar-nos um cenário mágico. À entrada do Parque há flores, em "canteiros e canteirinhos" que hoje enfurecem prestigiados arquitectos mas encantam as pessoas comuns, ladeados por dois caramanchões em meia-lua de glicínias; os guardiões do Parque são áceres (negundo), nesta altura com mil e uma sâmaras a preparar o futuro, e carvalhos alvarinhos. Depois começa a mata de árvores majestosas, com troncos que escapam aos abraços, de folhagem saudável em ramos enormes, sem podas que lhes desfigurem o porte: seguindo um guião minucioso de surpresas para o visitante, Marques Loureiro oferece-nos liquidâmbares, faias, cedros, magnólias, araucárias (angustifolia), eucaliptos, ciprestes-dos-pântanos e dois raros Podocarpus totara.
O conselho de Duarte de Oliveira foi seguido: é uma comporta que regula a cedência de água do rio Vizela ao lago por onde hoje, abandonados os barquinhos de recreio, vogam patos e cisnes.
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