22/10/2004

Os nomes das árvores #1 - actualização

A resposta a uma pergunta enviada ao Ciberdúvidas da Língua Portuguesa sobre as designações de árvores, formadas por palavras compostas com nomes próprios deu azo a alguns comentários discordantes (e interessantes). Estes foram comunicados entretanto ao Prof. D' Silvas Filho que muito simpaticamente nos respondeu. Ver aqui.

2 comentários :

António Viriato disse...

Também me parece que uma nomenclatura, de qualquer disciplina do saber que seja, não deve contrariar as regras básicas de uma língua culta, como o português, que, para desgosto de muitos, tem gramática.

Nos tempos actuais, há uma forte tendência para realtivizar a importãncia das regras, das normas, que, no caso da Língua, muitos acham espartilharem o pensamento e, criativamente, desatam a desrespeitar a norma linguística estabelecida, convencidos da sua inutilidade.

O resultado é que depois, democraticamente, os seguidores destas teorias, preguiçosos de procurar a correcção gramatical vigente, começam a multiplicar os erros e rapidamente fica instalada a confusão.

Em Portugal, é notório o desrespeito dos jornalistas por certas regras ortográficas, nomeadamente, no uso das maiúsculas, que os leva a escrever ministro da Justiça e secretário de Estado, imaginando que assim vulgarizam o Ministro ou o Secretário, tornando-os comuns representantes do Estado, sem dignidade especial, que, infelizmente, alguns revelam não ter, porém, nada disso sanciona o desprezo da norma.

Anónimo disse...

«Muito obrigado por me ter informado sobre a polémica à volta de uma das minhas respostas. O mestre na língua Prof. Neves Henriques diz que é com as pessoas que discordam dele que vai aprendendo, pois com as que concordam não aprende nada... Não vou tão longe, pois penso que posso aprender até mesmo com quem concorda comigo e, por isso, agrada-me sempre que façam comentários às minhas respostas. No meu entender, como sempre digo, Ciberdúvidas é um fórum de estudo, no qual todos colaboram, consultores e consulentes. Não está no meu espírito estabelecer doutrina pessoal na língua, mas estudá-la em grupo, nesta grande família da comum língua.
Posto isto, vamos ao problema concreto da polémica. Normalmente respeito a história das palavras registada por lexicógrafos idó[ô]neos; não é desculpa ignorá-la com o argumento de que nós é que temos bom senso. Rebelo Gonçalves, por exemplo, continua para mim a ser uma das referências-base; ora, é pinheiro-do-brasil que ele recomenda; e o mais recente dicionário, Grande Dicionário da Porto Editora, 2004, não regista pinheiro-do-brasil, mas regista pinhão-do-brasil, o que confirma a regra que defendi. E seria ocioso mencionar várias outras obras onde se verifica o mesmo critério.
Claro que também é legítimo escrever-se pinheiro do Brasil, sem hífenes, mas, no ponto de vista que tenho seguido sempre, não estamos já em presença do nome comum duma árvore plantada em qualquer país, mas daquele pinheiro especificamente existente no Brasil. Como confirmação da necessidade dos hífenes no nome comum e, aí, da minúscula no nome que era próprio, temos também, por exemplo, calcanhar-de-aquiles no Houaiss, edição para Portugal, no Aurélio e no «Vocabulário» da Academia Brasileira de Letras.
Podia ficar por aqui. No entanto, a honestidade manda que acrescente o seguinte: Rebelo Gonçalves e o Grande Dicionário da Porto Editora registam `calcanhar de Aquiles´ (sem hífenes e com inicial maiúscula no nome próprio). Eu próprio também fiz o mesmo registo no Prontuário da Texto, respeitando a tradição em Portugal. Ora, a presente polémica deu origem a que eu meditasse melhor neste caso específico. Por uma questão de coerência, a verdade é que o `ponto fraco´, atribuído à estrutura `calcanhar de Aquiles´, agora já não é o ponto fraco do próprio Aquiles, e, então, devia grafar-se calcanhar-de-aquiles, como fazem os irmãos brasileiros, já também recomendado para Portugal pelo Houaiss...
Termino pedindo à estimada companheira Manuela Ramos o favor de comunicar aos seus interessados correspondentes que mantenho a minha posição, mas que não tenho autoridade para condenar intransigentemente a ide[é]ia que defendem.
Agradece o
D´ Silvas Filho ®