Aprendendo a olhar
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Embora estivesse pouca gente na Fundação Eng. António de Almeida à hora marcada para o início da palestra no passado sábado, a sala lá se foi compondo e acabámos por registar quase quarenta ouvintes.
A chuva terá obviamente dissuadido algumas presenças, mas a primeira parte do programa decorreu em local abrigado, com uma janela espreitando discretamente a promessa do jardim; e, quando chegou a altura de sairmos, recebeu-nos um odor a terra fresca num jardim reluzente, acabado de lavar.
Teresa Andresen une um raro dom de comunicar com uma óbvia paixão pelos jardins e um profundo conhecimento da génese e história desses lugares que, na Terra, criam uma frágil evocação do paraíso. Começando por recordar alguns dos grandes mestres jardineiros (Marques Loureiro, Jacinto de Matos, Moreira da Silva) que marcaram a história e o carácter urbano do Porto nos séculos XIX e XX, e terminando com uma citação de Sophia de Mello Breyner Andresen, ofereceu-nos uma viagem fotográfica por jardins de várias épocas e lugares; aprendemos como o jardim se mostra ou se esconde, como se fecha sobre si próprio ou se abre à paisagem envolvente.
Visitámos de seguida, por gentileza da Fundação, a Casa Museu do Eng. António de Almeida. Apesar de a casa, seguindo o gosto da época, não ter acesso directo ao jardim, a presença das flores é uma constante: quadros, tapeçarias, papel de parede, porcelanas, móveis, cortinas - tudo é decorado com motivos florais.
No jardim reinavam azáleas, rododendros, camélias e um carvalho soberbo ostentando a folhagem nova.
Não houve garden party como nos tempos de Olga Andresen, a senhora da casa, embora a chuva não tivesse faltado e os músicos de granito, hoje mais corroídos pela humidade, lá continuassem expectantes. Uma óptima tarde de sábado em Abril.
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4 comentários :
eu gostei muito. sabe sempre bem ouvir pessoas falarem das coisas com paixão e com saber.
gostei também do sobreiro que estava meio escondido. também me impressionaram as faias que eu na minha ignorância não sabia como eram.
Gostava de lá ter estado. Aprecio o vosso blog.
Alguém
Se estivesse por esses lados, não faltaria.
Também lá estive, e gostei bastante! Para a próxima tem de ser com chá incluído! É sempre bom saber que não somos os únicos maluquinhos! Há por aí mais ?maluquinhos das árvores?! Fiquei a conhecer mais um jardim e achei também engraçado saber que o ?paraíso? é um ?jardim?. A palavra ?paraíso? significava, na sua origem, se bem me lembro, ?um jardim murado? ou uma coisa assim parecida. No fundo andamos a tentar fazer aqui o nosso paraíso! Quando houver assim mais iniciativas avisem, claro!
Teresa Andresen, falou sobre a origem de algumas árvores, que desconfiava que tinham vindo do jardim botânico, ou do horto não sei de onde. Fiquei a pensar se não seria possível, através da análise de DNA, verificar se realmente são ou não ?parentes? umas das outras. (? e depois queixo-me que se fale em ?maluquinhos da árvores!).
Já percebi, pelo post "Abril, flores mil" que isso é possível!
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