Dos jornais - Árvores excepcionais vão ser classificadas
«Existem árvores raras e centenárias no concelho de Coimbra que merecem ser protegidas. Para muitas delas, nunca ninguém olhou com a devida atenção. Classificar as árvores mais importantes da cidade como património de interesse público é um dos objectivos do Departamento de Ambiente e Qualidade de Vida da autarquia de Coimbra. O processo de identificação dos exemplares a candidatar à Direcção Geral das Florestas (DGF) foi iniciado após luz verde do executivo camarário.
Para já, o conjunto de palmeiras (Phoenix dactylifera) que se enconta no jardim da Avenida Sá da Bandeira é um dos núcleos arbóreos de maior valor já identificados, não só pelo número de exemplares reunidos, como também pelo seu alinhamento e dimensão alcançada.
Embora localizadas numa zona menos nobre, também as duas araucárias existentes na margem esquerda do Mondego, na Quinta da Várzea - Lages - são exemplares que merecem destaque pela dimensão e idade, tal como a araucária que está junto aos Arcos do Jardim.
Outro conjunto que também é um autêntico «monumento verde» refere-se ao núcleo de tílias da Rua Pedro Monteiro, que os especialistas consideram «em muito bom estado fito-sanitário». (...)
Em Coimbra, todo o património existente no Jardim Botânico fica fora do processo de classificação uma vez que já se encontra devidamente protegido pelo seu próprio estatuto, na dependência da Universidade de Coimbra.
As espécies da Quinta das Lágrimas, uma vez que se encontram em propriedade privada, também não serão alvo de estudo dos serviços municipais. Neste caso, Paulo Lúcio, engenheiro florestal que cuida dos jardins e mata do hotel, informou que o referido espaço faz parte da Associação de Jardins Antigos e Históricos. Até agora nunca foi equacionado avançar para a classificação das árvores existentes, embora confirme a presença de «exemplares únicos na Península Ibérica», como é o caso da «famosissíma Ficus Macrophila, originária da Austrália, conhecida erradamente como borracheira». Com cerca de 40 metros de altura, é uma árvore que mantém um crescimento excepcional com raizes que se desenvolvem à superfície como «escoras». Também as Olaias (árvores de Judas) e a sequóia, que se diz ter sido plantado pelo Duque de Wellington aquando das invasões franceses, são exemplares raros que dominam a mata da Quinta da Lágrimas.»
(Extractos de uma reportagem de António Rosado publicada ontem em asbeirasonline)
Fotos: pva 0502 - Ficus macrophylla e Sequoia sempervirens na Quinta das Lágrimas - Coimbra
7 comentários :
Acrescento, na Quinta das Lágrimas, uma canforeira que, só por si, merece os 3 euros da visita. A olaia, há três semanas atrás, estava soberba, carregada de flores. Deixo uma dúvida ao P. Araújo: diz-se que a olaia é a árvore de Judas (é de resto, comum, encontrá-la nos cemitérios portugueses). Ora, segundo a tradição, Judas enforcou-se numa figueira, o que me faz pensar que a olaia talvez seja a árvore da Judeia, e não de Judas. O que lhe parece? Um abraço!
Achega:em francês a Cercis siliquastrum tem actualmente a designação comum de 'Arbre de Judée' (apesar de antigamente se chamar 'Arbre de Judas', nome que ainda mantem em inglês).
S. (de Sementinha ;-)
Caro Francisco: das vezes em que fui à Quinta das Lágrimas (a última há dois meses) não notei que a entrada fosse paga; talvez essa seja uma inovação recente. Claro que reparei na canforeira e na olaia, mas a primeira não cabia na foto e a segunda não estava em flor. Quanto à árvore-de-Judas, não parece que a Bíblia (Mt 27, 3-10 e Act 1, 16-19) especifique em que árvore é que Judas se enforcou, e vários dicionários (como o Houaiss) explicam o nome árvore-de-Judas com essa lenda.
Cara Sementinha: conhece alguma explicação para o nome francês dessa árvore?
Caro Paulo,
Isto piora! para além do nome comum em francês não dissipar a dúvida, fico, agora, cismado com a figueira e com Judas. A ligação existe porque são inúmeros os autores que a denunciam, mas a verdade é que a versão que tenho da Bíblia (a dos Capuchinhos) nada afirma sobre a árvore em que Judas se enforcou.
É verdade que a entrada na QL anda a 3 euros. E acrescento-lhe que não há descontos para grupos de estudantes.
Última nota: na preparação de uma visita de estudo, li no Guia de Portugal (Sant'Anna Dionísio) que na QL destacam-se duas árvores: um castanheiro de folhas avermelhadas (o autor acrescenta entre parêntesis que se trata de uma fagus purpúrea, sendo curioso que, então, lhe chame castanheiro, em lugar de faia) e um notável exemplar de Eucharia brasiliensis (que eu não sei o que seja). É estranho que num bosque onde avultam a canforeira, a olaia e o ficus, Sant'Anna Dionísio tenha escolhido as duas árvores referidas. Teriam de ser exemplares fora-de-série. Contudo, procurei-as (não sabendo bem o quê, no caso da eucharis)e não as achei. Fica o puzzle para algum leitor mais informado.
O Guia de Portugal (Sant'Anna Dionísio) deve ter-se equivocado na transcrição do nome da árvore brasileira: a "Eucharia" brasiliensis deve ser uma Araucaria brasiliensis (hoje chamada Araucaria angustifolia), pois há uma perto da canforeira. Essa árvore é bastante vulgar no norte de Portugal e o exemplar da Quinta das Lágrimas não é especialmente notável, até porque, apertado pelas outras árvores, tem pouco espaço para se desenvolver.
A única razão que encontrei para o facto da olaia em francês se chamar "Arbre de Judée" é "por ser originária dessa zona".
S (de Sementinha ;-)
Sugiro nova visita Quinta das Lágrimas (mata toda visitavel e restaurada, novas arvores), jardim romantico com lagos restaurados, jardim medieval sempre renovados, jardim japonês. Centenas de árvores e arbustos plantados. Vão na Festival das Artes (16/7/10 a 1/8/10)(www.festivaldasartes.com e facebook). José Miguel Júdice
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