06/04/2007

Quedas de Fervença




Se as águas do rio Leça, aqui tão perto da nascente, soubessem das ignomínias que lhes estão reservadas nos mais de 40 quilómetros que lhes faltam percorrer até à foz, no porto de Leixões, por certo desistiriam do seu curso e, contrariando a gravidade, remontariam ao aconchego limpo de onde saíram. Mas ei-las vivas e fervilhantes de espuma, saltitando inocentemente de pedra em pedra, enquadradas pelos amieiros que já vão brotando folhagem nova neste começo de Abril, muito longe de imaginar que delas se vai fazer o rio mais poluído da Europa.

Para visitar as quedas de Fervença, esse infantário onde um rio Leça menino aprende a brincar, comece por estudar num mapa de estradas o trajecto até Monte Córdova, freguesia do concelho de Santo Tirso onde Camilo Castelo Branco quis que vivesse uma bruxa. É lá que fica o carvalhal de Valinhas, de onde parte um caminho pedestre, algo acidentado e declivoso, que se estende por algumas centenas de metros entre matas de eucaliptos. O rio Leça, atencioso com os caminhantes, faz-se ouvir quando o caminho se bifurca, apontando a direcção a tomar. E ei-lo ao fundo da ribanceira, intervalo inesperado de vida e frescura no monótono eucaliptal.

3 comentários :

Anónimo disse...

Uáu!

POS disse...

:-) !!!

Era um passeio de algum modo frequente na minha infância. Agora, terei de lá voltar...

José Faria disse...

Brevemente voltarei a pedalar de Pedrouços, na Maia até às belíssimas Quedas de Fervença, e aí vou declamar uma poesia criada para o efeito ao som da música das frescas e puras águas do meu Rio Leça, que me ensinou a nadar na freguesia de Águas Santas, no seu caminho para a sua foz.
Complementando a introdução da declamação, usarei as suas palavras que aqui deixou no seu belo Blog: ----- "Se as águas do rio Leça, aqui tão perto da nascente, soubessem das ignomínias que lhes estão reservadas nos mais de 40 quilómetros que lhes faltam percorrer até à foz, no porto de Leixões, por certo desistiriam do seu curso e, contrariando a gravidade, remontariam ao aconchego limpo de onde saíram". Farei naturalmente referência ao seu autor, Paulo Araújo. Um abraço maiato e bloguista. José Faria