01/08/2007

"Arbor incognita sinarum"

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Foi com esta designação que o sinólogo jesuita R. Pierre d'Incarville enviou em 1747, de Pequim, umas sementes ao seu amigo Bernard de Jussieu (1699-1776) então intendente do rei no Jardin des Plantes.

Como nos conta aqui Leslie Turek, foram umas sementes afortunadas pois, ao contrário do que aconteceu a outras igualmente exóticas, pouco tempo tardaram a serem semeadas.

Desse semis pode ainda admirar-se
o primeiro exemplar a florescer na Europa, em 1779 (assinalado com o nº 4, no folheto sobre as árvores históricas do jardim, acessível on line aqui -pdf).

Apesar de esta Fabácea aparecer classificada no género Styphnolobium, vai custar deixar de lhe chamar Sophora, já que acácia-do-Japão foi nome que nunca gostei de lhe dar. Em francês e inglês, par contre, tem outros nomes muito bonitos, como por exemplo, arbre des pagodes, pagoda tree, chinese scholar tree. Já agora, em chinês (Pinyin), chama-se huái shù.
Cá no Porto estão agora também a florir.

Fotos- Agosto de 2005 - Clicar para aumentar
Ver álbum com outras árvores históricas do Jardin des Plantes.

5 comentários :

Maria Carvalho disse...

E também Bead-tree ou Necklace-pod, que se entendem se se vir o fruto desta leguminosa.

Sabes por que é Chinese scholar tree?

ManuelaDLRamos disse...

Tens razão a morfologia dos frutos é uma característica muito interessante. Segundo li num livro de fitoterapia tradicional chinesa esta era uma árvore de que se aproveitava muita coisa. Conta o livro que os chineses preferem (ou preferiam) as vagens que contêm sementes agrupadas e rejeitam as que tem 2 ou 5 sementes separadas.
Para além dos usos medicinais usam as favas para fazer uma espécie de pigmento amarelo.

Publiquei aqui umas fotografias com as flores e os frutos. Em Ramalde há umas poucas estão agora muito bonitas!

É uma árvore que gostava de ver em mais sítios. A do Palácio ainda existe? Hoje queria ir ver as que há numa rua perto do Bom sucesso mas nao tive tempo.

Não faço a mínima ideia por que se chama Chinese scholar tree. Talvez porque os Chinese scholars gostavam destas árvores. Como os compreendo.

Uma coisa que ainda não lhes descobri foi o suposto perfume das flores. Estas não me cheiram a nada( ao contrário das robinias, de que não gosto muito por causa dos picos)

Paulo Araújo disse...

A sófora veterana do Palácio ainda está viva (mas, mesmo ao lado, continuam a morrer as magnólias umas atrás das outras).

Maria Carvalho disse...

Excertos de The Garden Plants of China de Peter Valder (Weidenfeld & Nicolson, 1999):

«According to Dorothy Graham (Chinese Gardens, Dodd, Mead & Co., NY 1938) it is the symbol of the 8th moon (September), when the official examinations for political preferment took place, and so was cultivated by aspiring scholars.»

Segundo H.-L. Li (The Garden Flowers of China, Ronald Press, NY, 1959), «the historical records of the Zhou dynasty [that included S. japonica amongst the five official memorial trees] describe it as the tree officially designated for planting on the graves of scholars.»

Maria Carvalho disse...

As sóforas das ruas junto ao Bom Sucesso estão cheias de flores e debaixo das copas sente-se um aroma bom.