11/08/2007

Negrilho revisitado

No centenário do poeta

Poesia "A um Negrilho "- Busto de "Miguel Torga baseado no retrato do Mestre Eduardo Tavares -1955 e interpretado pelo discípulo L. Ribatua-1995".

Fotos Abril 2006 - Um dos lugares de Miguel Torga: Largo de Eirô em S. Martinho de Anta- povoação do concelho de Sabrosa onde nasceu em 12 de Agosto de 1907. Ver fotografia deste negrilho ou ulmeiro (Ulmus minor) ainda vivo.
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Na laje está inscrito o célebre poema:
A um Negrilho
S. Martinho de Anta, 26 de Abril de 1954

Na terra onde nasci há um só poeta.
Os meus versos são folhas dos seus ramos.
Quando chego de longe e conversamos,
É ele que me revela o mundo visitado.
Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada,
E a luz do sol aceso ou apagado
É nos seus olhos que se vê pousada.

Esse poeta és tu, mestre da inquietação
Serena!
Tu, imortal avena
Que harmonizas o vento e adormeces o imenso
Redil de estrelas ao luar maninho.
Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso
Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!

Miguel Torga in Diário VII (1956)
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A não perder: documentário "Miguel Torga, o meu Portugal", domingo (dia 12) na RTP2, pelas 21:15. Mais informação aqui

4 comentários :

bettips disse...

Vivo, de cabeleira revolta. O poeta dos ramos, das pedras e coisas pequenas. Com os grandes intelectuais da nossa praça, ele não se dava. Gostei de saber. Abç

bettips disse...

Vi o ulmeiro rodeado de verde, há pouco no programa dedicado a Torga. É milagre de "Anta"? Ou renascido, que o diziam morto... tal como as ervas resistem entre pedras.

ManuelaDLRamos disse...

Ola bet
Também reparei no verde do ulmeiro no documentário ;-)
Infelizmente não é nenhum milagre de ressurreição: o verdejar deve-se a uma glicínia que o envolve, tal como se pode ver aqui.
Nas fotos, tiradas em Abril de 2006, a glicínia ainda estava sem folhas...
Quando fui nessa altura a S. Martinho de Anta foi-me contado (e não é segredo nenhum) que o dito ulmeiro secou devido às obras de "requalificação" do largo que terão secado ou desviado o riacho subterrâneo que dava de beber à árvore.
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Outro link: poema dito pelo poeta

bettips disse...

Obrigada Manuela, é uma comoção andar por aqui e seguir, seguir, sentir; e quantas vezes amaldiçoar requalificações!