08/07/2009

Vide-branca


Clematis campaniflora Brot.

O género Clematis aceita resignado ambientes semi-desérticos ou de floresta quente, mas redobra de viço em climas frios e quando tem uma treliça onde se enrolar. A China abriga a maior colecção, a Nova Zelândia ganha no número das de folha caduca. As clematites são presença comum nas colinas argilosas, de textura macia, dos caminhos dos peregrinos para Canterbury, florindo em época de peregrinação e recebendo por isso a designação traveller´s joy. Do tempo em que algumas espécies foram usadas como condimento, de efeito semelhante à pimenta (Piper nigrum) mas mais barato, vem-lhes o nome pepper vines.

Uma classificação recente identificou quase 300 espécies de clematites na Europa, Ásia e América do Norte; não admira por isso que, para arrumar as ciência, os taxinomistas tenham subdividido o género em subgéneros, secções e prateleiras. Apesar disso, a maioria das variedades que vemos em jardins são cultivares hortícolas obtidos a partir do subgénero Flammula, por cruzamento das espécies C. patens, C. lanuginosa e C. viticella. Exibem flores gigantes (12-15cm de diâmetro), cores inusitadas e nomes de fantasia. Enchem de júbilo ditosos possuidores de varandas e sócios da azafamada International Clematis Society.

Avistámos a vide-branca das fotos (trepadeira de folha caduca, semi-lenhosa, com folhas trifoliadas e flores solitárias muito perfumadas, em forma de sino e com pétalas com cerca de 2cm de diâmetro) numa das margens do Tua abraçada a uma rocha, e notoriamente a cabecear de sono. Naturalmente desaparecerá mal se construa a almejada e prometida barragem.

Esta clematite pequenina é espontânea em Portugal e no sul de Espanha. Na maioria das bases de dados de botânica chamam-lhe Portuguese clematis. Convirá notar que a família Ranunculaceae é quase cosmopolita mas se concentra no hemisfério norte, e que o género Clematis tem escassa representação na América do Sul, Brasil e Bahia incluídos. Tratemos portanto com desvelo a nossa clematite, não vá ela decidir mudar de nacio... hã?... está bem, não digo mais nada.

1 comentário :

Paulo disse...

Tinha conhecimento da rosa "Jacqueline du Pré", mas não fazia ideia que também tinha sido criada uma clematite em sua homenagem. Obrigado.

Quanto à nossa clematite, tratemo-la bem, pois.