28/08/2009

A natureza paga-se



Epping Forest. Riacho (Loughton Brook) rodeado por faias (Fagus sylvatica).

Desde 1878 que a Epping Forest é propriedade do município de Londres (City of London Corporation). Os objectivos estatutários da gestão da floresta são a preservação do seu aspecto natural e a sua manutenção enquanto espaço verde público - duas metas que podem ser contraditórias. Certo é que (como se explica na brochura The Official Guide to Epping Forest, Corporation of London, 1993) a noção de aspecto natural é controversa; e, em qualquer caso, não é a mesma coisa que estado natural. Se a floresta não tivesse sido usada pelo homem durante séculos, o que teríamos no seu lugar seriam bosques em grande parte impenetráveis. Com esse estado de coisas, nem os utentes humanos ficariam bem servidos, nem haveria, por estranho que pareça, igual diversidade de fauna e flora. Uma grande parte do esforço de gestão da floresta é assim, paradoxalmente, uma luta contra as forças da natureza: ora evitando que o excesso de vegetação ripícola faça secar charcos e lagos; ora permitindo a existência de clareiras para refúgio de plantas herbáceas e de répteis; ora criando condições para a regeneração natural do arvoredo. O custo desta manutenção ultrapassa os quatro milhões de libras anuais.

Claro que nem todas as actividades de recreio são permitidas na floresta. Os veículos a motor estão interditos nos caminhos florestais, só podendo circular nas (poucas) estradas. Autorizam-se equitação e ciclismo, mas com restrições. O vale do riacho (Loughton Brook) que se vê nas fotos, com o curioso leito em zigue-zague escavado em solo arenoso, foi declarado como sítio geomorfológico de importância regional; para evitar estragos, é interdito percorrê-lo de bicicleta ou a cavalo.

Talvez possamos tirar lições de tudo isto. A primeira é que a natureza (pelo menos aquela muito modificada pela presença humana) exige manutenção e gastos: com os orçamentos miserabilistas que temos (tanto do governo como das câmaras), os nossos espaços naturais só podem continuar a degradar-se. A segunda é que as proibições são para cumprir. O turismo desregrado dito de natureza, que a inexistente vigilância nunca poderá dissuadir, é outro dos nossos grandes males: autocaravanas estacionadas em arribas, percursos pedestres em parques naturais invadidos por veículos todo-o-terreno (como sucede na Serra dos Candeeiros), piqueniques que deixam um rasto de lixo e sujidade.

4 comentários :

Francisco Caleia disse...

E, assim, vai-se respirando um rasto de marcas diversas…

Rafael Carvalho disse...

São deliciosas estas imagens!...

Luz disse...

Obrigado pelas imagens que descansam!
E tem razão, a natureza paga-se. Que pena que em Portugal se perdeu o norte e se continua a não respeitar o nosso melhor património.
Quando será que os interesses de alguns deixarão de ser mais importantes que os interesses de todos?
Luz

arte todo dia a dia disse...

apoio e engajamento nesta "oferenda" à nossas florestas, para que esta campanha em prol da conservação de nossas matas se solidifique e tenhamos cada vez mais conservadores ambientais.Gratos .Feliz 2010.
Malouh Gualberto/Equipe Ecofotografias
Projeto Ecolambelambe de Divulgação de ações pela Conservação da Natureza.
www.ecofotografias.com
Olhar de Oiá!

Campanha pelas Oferenda responsáveis e sustentáveis nas Matas Brasileiras para os que cultuam as forças da Natureza, começa dia 20.

Engaje seu Ilê ou igreja ou templo para receber a o Painel itinerante.

Com apoio e engajamento do Pai de Santo Francisco de Osun, o primeiro Pai de Santo a assumir a proposta, o Projeto Ecolambelambe/Ecofotografias, da fotógrafa Malouh Gualberto com curadoria do artista plástico, fotógrafo e artista gráfico Odilon Cavalcanti, estendendo seu espaço de atuação na divulgação de imagens e informações ambientais para entidades religiosas que louvam a Mãe Natureza, ou que dela se utilizem, lançando a idéia do oferendas responsáveis e sustentáveis, com a proposta do replantio de árvores e oferendas biodegradáveis, sem utilização de velas, para evitar o imenso risco de incêndios florestais, principalmente em áreas de mananciais. A idéia, acrescenta, é evitar garrafas de vidro e pets que, além de poluir, ainda causam risco a crianças e animais, trocando-as por oferendas sustentáveis - como sementes pertencentes à biodiversidade da mata onde é feita a oferenda , por exemplo. A idéia é fortificar as matas de onde entidades de várias religiões tiram sua força e inspiração, respeitando-as e conservando-as. O Brasil é pleno de religiosidade e assim deve dar este exemplo. Bom que se diga e remarque que diversas religiões se utilizam das matas como foco de suas orações e oferendas e todas elas, indistintamente, precisam de se conscientizar desta necessidade urgente de se conservar o que sobrou destes mananciais e reservas.

O grupo Ecofotografias itinera, atualmente, uma mostra nos Parques Estaduais contemplados pelo Projeto Ecoturismo na Mata Atlântica – no momento sua exposição “Trilhas do Olhar” está no Parque Carlos Botelho, em S. Miguel Arcanjo até 21/12/2009.

O primeiro terreiro de Candoblé a abraçar à idéia é o Ilé Asé Iyá Osun será o de Osun.

No próximo dia 20/12/2009 –na Festa de Iansã (ou Oyá), que é uma das entidades evocam a sustentabilidades, já que representa os ventos, que fazem a distribuição das sementes em seu corpo, Francisco de Osun, Presidente do Instituto Afro religioso Ilé Ase Iyá Osun lançará a campanha durante a Festa, expondo em lugar de destaque o painel que a representa. A idéia é conscientizar a todas as religiões da necessidade de respeito e dedicação a sustentabilidade de nossas matas.

Serviço:

Data dia 20/12/2009

Às 17:30 hrs

Endereço R. Almirante Marques,284- Bela Vista



Estudio Ecofotografias
site: www.ecofotografias.fot.br