26/08/2004

Essa alegria só prometida às aves (*)



A natureza modificada, de que nos fala Duarte de Oliveira, acabou por ser a única que, em Vizela e nas imediações, sobreviveu ao progresso. O rio Vizela está intoleravelmente poluído, e as novas estradas e as construções desordenadas acabaram com o encanto da paisagem. Sobram aqui e ali, ao longo do rio, algumas manchas de arvoredo de que sobressaem bonitos carvalhais; mas é preciso procurar os recantos e treinar os sentidos a ignorarem o panorama mais vasto.

São as ironias desta vida automobilizada: agora que é tão fácil e rápido chegar a tantos lugares, há cada vez menos motivos para os visitar; as próprias estradas que a eles nos conduzem contribuíram para a sua degradação. E, mesmo quando vale a pena, à facilidade em chegar contrapõe-se a facilidade em partir: há um nervosismo miúdo que não nos deixa simplesmente permanecer.

Vale a pena permanecer no Parque das Termas de Vizela durante uma longa tarde de Verão, admirando o gigantismo do arvoredo. Por que subiram as árvores tão alto? Terreno fértil, água abundante e a competição pela luz são três das razões mais evidentes.

Ficamos com imagens de duas dessas gigantes que se recusam a caber na fotografia: à esquerda um liquidâmbar e à direita uma sequóia.

(*) verso de Eugénio de Andrade

1 comentário :

saturnine disse...

que lindas, lindas árvores. tão expressivas, as fotografias. :) e o verso de Eugénio de Andrade, natualmente tão adequado.