Magnolia classificada - Cabanas (Afife)
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Têm reparado nas flores, grandes, brancas, e no seu perfume de passagem? As Magnolias grandiflora estão a florir há já uma semana, o que ainda não acontecia quando visitei esta, em Cabanas. Não se trata de uma qualquer: secular, "guardiã", classificada de interesse público, foi cantada e amada por poetas:
«Alta magnólia, brônzea de folhagem,
E de flores de neve a arder no lume
De capitoso e oriental perfume,
Do convento-solar guarda a passagem.» (Alberto de Oliveira)
Silhueta em contraluz de Magnolia grandiflora classificada de interesse público em 1944. Sita no Convento de Cabanas, com «a idade provável de 150 anos, altura total- 17 m, circunferência (do tronco a 1,30 m)-4.00 m e diâmetro provável da copa- 25,50 m» (1)
É por assim dizer quase impossível chegar a este local "sombrio e muito pitoresco" (2) sem perguntar o caminho: não vislumbrei uma placa, um sinal, uma seta a indicar a existência de património classificado. Mesmo o simples acesso ao lugar só se encontra depois de se ser devidamente orientado em Afife. Por isso a surpresa é completa quando se depara com a pontezinha sobre o "ribeiro de águas cristalinas", a belíssima e secular magnólia e o Convento de São João de Cabanas, imóvel também classificado de IP (pertença de um particular).
Ribeiro ou Rio de Afife : em primeiro plano a folhagem perene da magnólia.
Nuns azulejos datados de Junho de 2004 e assinados pela 'Comissão do Centenário' - do nascimento de Pedro Homem de Mello (3)- pode ler-se: «Neste ambiente irreal de Cabanas, no secular mosteiro junto ao ribeiro de águas cristalinas, à sombra da magnólia guardiã, se inspirou o poeta para as suas mais belas poesias.»
Para não fugir à regra, e pelo que se pode verificar de desordenada e intensa urbanização da zona, este bucolismo parece ter os dias contados. É pena. Entretanto, é sem dúvida um sítio a (re)visitar.
(1) In Árvores Isoladas, Maciços e Alamedas de Interesse Público-Instituto Florestal ; (2) Id.
(3) Ler artigo do Prof. Cândido O. Martins
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2 comentários :
Recordo que Luísa Neto Jorge e Daniel Faria fizeram da magnólia um dos símbolos mais fecundos da sua poesia.
Estive a fazer um tratamento a esta árvore e pela informação que recolhi, posso dizer que a mesma, terá mais de 280 anos, uma vez que a construção da casa envolvente remonta ao ano de 1724 e esta já se encontrava no local.
Paulo Moura
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