04/04/2007

Castanheiro centenário- Pussos

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«Este pequeníssimo bosque de castanheiros, carvalhos, sobreiros, pinheiros e pilriteiros, no Carvalhal de Pussos, concelho de Alvaiázere (Leiria), nasceu de um abandono.
Todo o palmo de terra, nesta terra, tem dono, e a propriedade é condição exigente de rentabilidade, num povo que foi (é?!), sem demagógicos discursos, pobre e iletrado.
São três os destinos possíveis para um palmo desta terra: uma habitação, junto às rodovias que atravessam a localidade, ou uma horta, nos solos regados do vale ou no sopé das colinas suaves, ou um eucaliptal, monocultura maioritária que cobre os montes. Do abandono de uma horta, há cerca de 50 anos, e porque o processo de herança, após o falecimento da velha agricultora, havia ficado difuso, foi a Natureza quem, legitimamente, recuperou o que lhe pertencia. Com a mestria de uma artista criadora, ela desenhou um habitat selvagem, tornou-o de difícil acesso, e camuflou-o das atenções humanas.
Em 2006, aos 25 anos, um rapaz que morava a 300 metros da floresta, na colina contrária, arriscou seguir os trilhos dos animais, abrindo caminho pelos silvados densos. Na clareira do bosque ergue-se o coração protegido da floresta: um castanheiro centenário, da espécie comum Castanea sativa (Mill.), com um perímetro circunferencial máximo de 13 metros. De copa e altura comuns (entre 12-14 metros estimados de altura), a invulgar característica desta árvore é a sua forma: tem 9,50 metros de “anca” (junto ao solo), 7 metros de “cintura”, e cerca de 13 generosos metros de “peito” – em boa forma física, portanto. Acima do “peito” erguem-se, como serpentes na cabeça da Medusa, uma dúzia de troncos secundários que formam a copa.

Um simpático casal de esquilos comuns foi adoptado pelo velho ancião castanheiro e vivem todos felizes.

[O castanheiro centenário é desconhecido pela maioria dos habitantes da aldeia, e aguarda resposta para classificação de Património de Interesse Público, pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais ] »


Texto de Alexandre Inácio e fotos de Catarina Mendes

3 comentários :

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Um prodígio da Natureza...enche-nos a alma e ao mesmo tempo dá bem conta da nossa (humana) relatividade temporal. Grande descoberta!...

Anónimo disse...

Vim aqui poisar por acaso enquanto procurava outra coisa completamente diferente e não podia deixar de mostrar o meu fascínio por esta maravilha da Natureza. Segue-se uma reflexão de um viajante-poeta japonês, Matsuo Bashô, a respeito desta árvore:

"O signo (japonês) de castanheiro é composto pelo de oeste e pelo de árvore, de maneira que alude ao Paraíso Ocidental". E esta hem?!?

Anónimo disse...

Sou da freguesia de Pussos e não fazia a mínima ideia... Enchi-me de vergonha e de satisfação ao mesmo tempo. Obrigada