Pompons
Ptilotus manglesii (Lindl.) F. Muell.
It's time you learned, Doc, the only thing in this life a man can earn is friendship. Everything else you can steal.
Once Upon a Horse (Dir: Hal Kanter, Universal International Pictures, 1958)
Tivessem os filmes de cowboys sido filmados nas regiões semi-desérticas da Austrália - onde também existiram colonos e indígenas desapossados de bens e sossego - e as sagas redentoras, as corridas ao ouro e a demanda das terras prometidas, com os inevitáveis duelos-ao-sol, teriam como alegoria não cactos espinhosos mas estas bolinhas (de cerca de 5cm de diâmetro) fofas e peludas. A lanugem branca destas inflorescências, onde se notam flores de cinco tépalas de cor violeta, finas como papel e com brácteas castanhas, lembra a longa cabeleira do cacto Cephalocereus senilis (Haw.) Pfeiff., e é essencial para proteger a planta de insolações.
O género Ptilotus, descrito formalmente pela primeira vez em 1810 pelo botânico Robert Brown na obra Prodromus Florae Novae Hollandiae, abriga mais de cem espécies, australianas com excepção de uma (Ptilotus conicus R.Br.) que é nativa de Timor. As plantas deste género são herbáceas perenes ou arbustos que se adaptaram a solos secos e pobres em nutrientes, tolerantes a excessos de fósforo, mas que, por essa escassez de meios, exibem alguma dificuldade em germinar.
Pela aparência cabeludinha, a planta das fotos já se chamou Trichinium manglesii (do grego trichos, cabelo). Mas o termo grego ptilon tem igual préstimo: significa pena, ou asa. Os dois i's adjacentes no epíteto específico manglesii remetem, por regra taxinómica, para o nome de personalidade que assim é preiteada. Neste caso trata-se de James Mangles (1786-1867), um entusiasta da horticultura que viajou pelo Médio Oriente, visitou o oeste da Austrália em 1831 e escreveu, com C. Irby, a obra Travels in Egypt and Nubia, Syria and Asia Minor during the years 1817 & 1818.
Porque é viciada em fome e formosura, a esta espécie têm estado atentos os horticultores. Contudo só os estóicos e empedernidos, como os heróis do faroeste, capazes de se esquecerem da planta no Inverno e depois a submeterem à sede e ao calor, é que terão a sua recompensa.
5 comentários :
Agora é que "não tenho pedalada" para vós... espreito, leio, digo bons dias com as flores que invadem os muros, admiro as culturas em banda da MDLR e fascino-me com o fogo de artifício minúsculo dos "pompons" de Kew Gardens ... Mas se resisti a um ano de silêncio, melhor resisto a anos de palavras!
E fico (até) vaidosa quando amigas de longe me falam do livro do Paulo em termos de admiração - eu não dizia? pergunto eu, e blá blá blá que nem são botânicos encartados nem nada ...
Abrçs aos 3
Que bom que voltaram!!!!!!!!!!!!
Lindos pompoms... bom pra quem nao cuida muito e esquece suas plantas sem agua;)
Flor:
Obrigado pelo comentário.
Bettips:
A nossa «pedalada» redobra em tempo de férias, quando as tarefas pelas quais nos pagam salário deixam de ser tão absorventes. Mas quem não nos ler agora, por ter melhor que fazer, poderá espreitar os arquivos quando regressar.
Fico contente por saber que as tuas amigas gostaram do livro - e também surpreendido por o terem conseguido comprar, coisa só possível com uma boa dose de persistência. (Só talvez mesmo por encomenda na internet, como está indicado na página do livro, pois nas livrarias parece ser impossível.)
Abraço,
Paulo
São encantadores esses pompons e o texto está primoroso.
Bjs.
... Paulo, encomendei eu 3 para amigas pela net e sei de uma (jardineira...) que o tem. As críticas são boas, é um livro fascinante e simples - a minha felicidade é "também ter razão" quando digo/escrevo que algo é bom!
Abçs
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