Verdes são os pentes
São cerca de duzentas as espécies do género Blechnum, mas em Portugal só uma nos calhou em sorte. Fetos terrestres sempre-verdes, rizomatosos, originários de zonas tropicais ou temperadas, preferem habitats resguardados e húmidos, de que são exemplo margens de riachos ou ribeiras em bosques frondosos. Os dois locais onde foram obtidas as fotos, a Mata da Margaraça, em Arganil, e a Serra de Pias, em Valongo, são aliás bem elucidativos dessa preferência.
As frondes do Blechnum spicant — feto-pente em português, hard-fern em inglês —, com 30 a 60 cm de comprimento, começam por ser erectas, mas descaem ao envelhecer para formar desalinhados tapetes. Uma comparação das folhas na segunda e terceira fotos pode, contudo, causar alguma estranheza. Numa delas vemos que os folíolos são estreitos, quase filiformes; na outra eles já têm uma largura considerável e estão muito mais próximos uns dos outros. De facto, esses dois tipos de frondes cumprem tarefas distintas, embora coexistam na mesma planta. As primeiras frondes a brotar são estéreis, e a sua função é estender o tapete para a chegada das segundas, as únicas que transportam os esporângios. Só quando as frondes pioneiras se deixam cair prostradas é que do centro da roseta por elas formada emergem as frondes fertéis.
É do Tejo para norte que em Portugal aparece o Blechnum spicant. Globalmente, a sua área de distribuição abrange a Europa, o norte da Ásia e ainda a porção ocidental da América do Norte.
3 comentários :
Meu Deus, que maravilha esse blog.
Usei uma das suas fotos em meu fotolog.
Não resisti.
Obrigada!
Viva!
Li a sua resposta ao meu comentário, Paulo.
Quanto ao que me pergunta, sugiro a visita à maior mancha de carvalho cerquinho da Europa, que se estende desde o sopé Este da Serra de Alvaiázere (onde se espraia a várzea e a vila), até à Serra de Ariques (já no concelho vizinho, Ansião). O autor do blogue que vos indiquei é um dos maiores conhecedores dos percursos de interesse botânico, paisagístico e geo-morfológico (trata-se de uma região cársica com segredos bem escondidos) da região. Dependendo apenas da sua disponibilidade, tenho a certeza que se for contactado por vós, vos oferecerá um roteiro e, quiçá, a companhia como guia (algo a que já está habituado e muito lhe apraz na Associação de Defesa do Património a que pertence), sem pestanejar.
Abraço
Muito obrigado pelas suas dicas, Alexandre. Claro que vamos contactar o autor desse blogue, pois há coisas que, embora saibamos que existam, só por sorte conseguiríamos encontrar sem ajuda. Já tínhamos espreitado o início (do lado norte) da estrada que cruza esse carvalhal, e que vai mais ou menos de Pousaflores a Alvaiázere. Mesmo sem folhas, esses carvalhos são de uma beleza impressionante. Ficámos ainda com mais vontade de lá voltar.
Abraço
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