Açafrão à chuva
Carpetania designou em tempos uma região vasta no centro de Espanha onde se destacavam a cidade de Toledo e a comunidade de La Mancha com os moinhos que D. Quixote combateu, e onde hoje pontua Madrid. Ali se situa a metade leste da cordilheira central da Península Ibérica e vivem as populações desta planta que deram nome à espécie.
Encontrámo-la nas serras do Açor e Gerês, em populações isoladas e diminutas. É uma herbácea bolbosa e um endemismo ibérico que só ocorre em prados húmidos e sítios pedregosos das montanhas do norte e centro de Portugal e de Espanha, sempre acima dos mil metros de altitude e, pela nossa experiência, devidamente fustigados pela combinação frio-vento-chuva. Para se resguardar, a estrutura reprodutiva feminina é subterrânea e o fruto desenvolve-se enterrado, emergindo só quando já crescido.
Distingue-se do C. sativus e do C. serotinus por florir no Inverno – embora nos picos de montanha tenha por vezes de esperar pelo degelo de Verão para hastear as suas flores solitárias no topo de um longo tubo –, por mostrar a folhagem durante a floração, e pelo estilete que, neste Crocus, é menos dividido.
As folhas, duas a quatro, todas basais, têm cerca de 2 cm de largura e secção semi-circular, e exibem o característico veio central prateado, além de cerca de 13 sulcos na face inferior.
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