O pequeno touro
Um labirinto tem, pois, a forma espacial de uma religião. Diria que é o desenho de uma religião, de uma crença. No fundo, qualquer minotauro que se ponha por ali só apressa a coisa, e apenas nos segreda que somos mortais. Somos mortais porque há o minotauro que nos mata, portanto não podemos sentar-nos à espera da solução: tens de ser crente mas a passo de corrida, eis o que o labirinto ocupado pelo bicho mau nos diz: reza para descobrires a única saída, mas reza como um corredor de 100 metros, reza enquanto corres à tua velocidade máxima. Se correres muito rápido, não precisarás de palavras santas — a corrida terminará antes do início da prece.
Gonçalo M. Tavares, Matteo perdeu o emprego (Porto Ed., 2010)
6 comentários :
Boa Páscoa e muito obrigado pelo trabalho partilhado!
Luz
Perdido no labirinto esbarrei de novo coom agradável surpresa neste blog que eu já pensava finado. Felizmente vive.
E a Manuela, está bem?
Cara Luz:
Obrigado por comentar e uma óptima Páscoa também para si.
Caro Teófilo:
O blogue esteve de licença sabática durante um ano, mas retomou a actividade em Junho de 2009. A Manuela está bem com certeza, mas já antes da pausa se tinha afastado destas lides. É pouco provável, aliás, que ela leia estes comentários. Desde o início de 2008 que o blogue é feito só por mim e pela Maria.
Existe uam Orobanchaceae,que parisita as favas, sabes se é esta?
Eu cá virei de vez em quando, pois a flora é um dos meus prazeres.
Parabéns pela continuação e se estiver com a Manuela diga que eu não a esqueci,
A Orobanche mais gulosa por favas é a Orobanche crenata, que é parecida com esta (na cor e nas brácteas) mas mais encorpada. E é perfumada (a cravo), por isso fácil de identificar, mas creio que ocorre apenas no centro e sul do país. Contudo, há várias outras que parasitam leguminosas, todas com fama de serem bons garfos.
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