Euphorbia atropurpurea Brouss. ex Willd.
Tabaiba é o nome que se dá nas Canárias às eufórbias arbustivas desprovidas de espinhos e com folhas bem formadas; as demais eufórbias endémicas do arquipélago têm a aparência de grandes cactos (embora não sejam cactos) e são conhecidas como
cardóns. As tabaibas são parentes próximas dos troviscos-machos açorianos (
Euphorbia stygiana subsp. stygiana e
E. stygiana subsp. santamariae) e das duas figueiras-do-inferno madeirenses (
E. piscatoria e
E. mellifera). Só em Tenerife são quatro as espécies de tabaibas, e cada uma das restantes ilhas Canárias apresenta uma diferente selecção destes arbustos, que assumem formas muito diversas, tanto na ecologia e no modo de crescimento como no aspecto da inflorescência. Há as espécies costeiras que se agacham e crescem rastejantes para se protegerem do vento, há as que vivem mais abrigadas em encostas secas e são capazes de atingir os dois metros de altura, e há finalmente as que fazem da laurissilva a sua casa e, competindo pela luz, têm de erguer mais alto os seus ramos. A única espécie neste último grupo é a
E. mellifera, a mesma que existe na Madeira e que é muito mais comum nessa ilha do que nas Canárias. O segundo grupo de espécies (que não escapa a alguma sobreposição com o primeiro) é o mais numeroso, e inclui a
Euphorbia atropurpurea, endémica de Tenerife, aqui fotografada na zona de Masca, onde é particularmente frequente.
Num concurso de beleza para tabaibas, esta tenerifenha, com o seu porte arrumadinho de árvore em miniatura, as suas inflorescências cor-de-vinho contrastando com as grandes folhas glaucas, convenceria qualquer júri a elegê-la Miss Tabaiba. Se fossem admitidas concorrentes de toda a Macaronésia, como parece justo, seria a
E. piscatoria, na versão porto-santense, a escolhida como primeira Dama de Honor.
As inflorescências das eufórbias são complicadas: na 5.ª foto acima, o fruto já desenvolvido, cor de cereja madura, emerge de uma estrutura onde há quatro nectários amarelos e quatro flores masculinas, cada uma delas reduzida a um estame; essa estrutura (chamadas
cíato) é envolvida por duas brácteas vermelhas, em forma de rim, fundidas uma com a outra; finalmente, os cíatos, sustentados por pedúnculos do mesmo vermelho tinto, dispõem-se em umbelas compostas por numerosos raios (entre 5 a 15 — ver 4.ª foto). É um conjunto que se singulariza não apenas pelo colorido mas também pela sua forma ampla e aberta. A floração decorre durante praticamente todo o ano (as fotos são do final de Dezembro), mas é mais intensa em Março e Abril.