Savana
«Partimos do Mountain-Inn às 8 horas, tempo fresco e translúcido. Começámos a descer curveteando, entre o alto relevo, como quem se esgueira de um paraíso terrestre sem querer acordar Adão, mas sem Eva afinal de quem se despedir... Temos de calcorrear bons trezentos e oitenta e tal quilómetros, daqui a Pretória; mas em menos de dez minutos estamos no peniplano, em Louis Trichard, a tal cidadezinha-jardim, de casas de presépio, baixas. Dela se sai para uma recta imensa, destas que hipnotizam e cegam quem vai ao volante, numa imensa planície rasa de palha branca, pontuada à nossa beira por farms de cottages crispados na sua desconfiança de primeiros ocupantes pioneiros, e rodeados de verdura espaireciva. As araucárias contam os anos de colónia: são as pirâmides deste Egipto.»
Vitorino Nemésio, Jornal do Observador (1973)
1 comentário :
bem, uma passagem pela savana deve ser marcante para todos os que já por lá poderam passear.
eu pelo menos fiquei fascinado. aquela planicie imensa com montes a toda a volta, o percurso em terra por onde o jipe ia passando sempre que possivel a mais de 70kmh e as acácias (imensas) quase todas da mesma altura guardadas (parecia) pelos embondeiros que iam aparecendo espaçadamente. não se esquece realmente.
vitorsilva
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