27/02/2006

Sequóia chinesa



O género Metasequoia existia apenas em registos fósseis da Ásia e América do Norte, até que nos anos 40 do século passado alguns exemplares da espécie M. glyptostroboides foram descobertos nas províncias chinesas de Hubei e Sichuan. Contemporânea dos dinossauros, esta é uma conífera invulgar por ser de folha caduca, e que além disso se distingue das outras sequóias pela disposição oposta das folhas achatadas e das escamas nos cones femininos que têm pedúnculo longo. A copa é cónica com ramos ascendentes; o tronco muito erecto é avermelhado quando jovem, adquirindo progressivamente laivos cinzentos e tornando-se fissurado, de madeira quebradiça. Aprecia solos húmidos e ravinas e é de crescimento rápido.

Desde Janeiro de 1948 que sementes dos exemplares chineses germinam fora da China num esforço global para evitar a extinção deste género. Vimos o primeiro exemplar desta espécie na Quinta do Alão, com folhagem nova verde-alface, numa visita em Maio do ano passado. Os dois que encontrámos no Parque Florestal de Amarante estão agora despidos de folhas - há uns três meses poderíamos tê-las apreciado coloridas de castanho-rosa em véspera de tombarem -, exibem inúmeras flores masculinas douradas dispostas em cachos e cobriram as redondezas de cones femininos no que pode ser considerado um sucesso de aclimatação.

A designação Metasequoia, atribuída em 1941 pelo botânico japonês Shigeru Miki a material fóssil do Japão, deriva do grego meta (mudada) e sequoia, a taxodiaceae que lhe é próxima; glyptostroboides alude ao facto deste género se assemelhar ao Glyptostrobus, palavra que resulta de glypto e strobilos, referindo-se às incisões nos cones femininos.

6 comentários :

Lulu disse...

beautiful tree

Anónimo disse...

Existe também um exemplar lindíssimo desta espécie nos jardins da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro junto à capela da universidade, plantada em 1988. "Oferecida pela Fundação Calouste Gulbenkian, já com 4 metros de altura, viajou da Alemanha até Portugal num camião TIR, com o seu enorme torrão protegido por rede de plástico e armação metálica"*.
Ficou assinalada simbolicamente como a 1ª árvore do jardim botânico da UTAD.Após um período de adaptação muito grande e difícil, a metasequoia cresce hoje verde e vigorosa.

* Os jardins da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, de L.F. Torres de Castro

Rita

Maria Carvalho disse...

Obrigada pela informação, mais uma boa razão para ir visitar o vosso Jardim Botânico. O livro que menciona está à venda? Onde ?

Anónimo disse...

Olá, eu comprei-o na livraria da Universidade (UTAD), não sei se está à venda fora dessa livraria.

Rita

Maria Carvalho disse...

Já encomendámos um exemplar a essa livraria. Obrigada.

Anónimo disse...

Um modo para se conseguir obter um bom desenvolvimento de qualquer exemplar arbóreo/arbustivo é conhecer o seu habitat natural.
A Metasequóia provém de uma zona com temperaturas amenas e elevada humidade relativa.
Nos primeiros anos após a sua instalação na UTAD, o seu desenvolvimento foi reduzidíssimo e quase não sobreviveu. Quando se chegava a Agosto, esse exemplar perdia as suas folhas (no habitat natural só as perde no Outono), devido às baixas HR e elevadas temperatura características do Verão das regiões com clima mediterrânico, clima característico de Vila Real. Assim, como só tinha folhas entre a Primavera e inícios de Agosto, o período de actividade fotossintética era muito pequeno, as reservas de fotoassimilados muito pequenas e, por isso, esse exemplar não se desenvolvia.
Como se resolveu a situação?
- Instalou-se um relvado em torno desse exemplar e porque é necessário regar por aspersão o relvado, aumentou teor de HR desse local e as amplitudes térmicas diminuíram, ou seja, com esta técnica conseguimos obter condições climáticas mais próximas do habitat natural da Metasequóia. Hoje não só esse exemplar está em franco desenvolvimento como já surgiram espontaneamente outros exemplares em torno do inicial.
Conselho amigo: apreciem a beleza das espécies ornamentais mas nunca se esqueçam que para a alcançar devem antes saber as suas exigências edafoclimáticas e fornecer às plantas essas condições.

José Pedro Araújo-Alves