Cravinhos siameses
Petrorhagia nanteuilii (Burnat) P. W. Ball et Heywood
Cassandra recebeu de Apolo (deus do Sol, irmão gémeo de Artemis, divindade associada à Lua) o poder da profecia, de quem nunca se engana. Legou o dom ao irmão gémeo, Helenus, que se tornou oráculo decisivo na guerra de Tróia. Por resistir à sedução de Apolo, Cassandra foi amaldiçoada e ninguém alguma vez deu crédito às suas previsões.
A mitologia grega tem inúmeros exemplos como este, de irmãos gémeos que têm à nascença destinos idênticos mas que um acidente, em geral dramático, acaba por diferenciar. Não é o caso destes cravinhos siameses dos terrenos incultos do vale do Tua, que têm a ventura de partilhar, como um ninho, um invólucro embainhado de brácteas com textura e cor de papel, como o que se vê na foto, que lhes assegura cerca de meio ano de união de facto e, ido o Verão, um fim simultâneo que não quebra este pacto harmonioso.
Petrorhagia é um género de cerca de 25 espécies da Europa, Ásia e norte de África. A P. nanteuilii é herbácea anual, atinge cerca de 60cm de altura e tem folhagem linear, como a relva. A floração decorre em Maio-Julho. As flores são semelhantes a cravos (Dianthus sps.): distinguem-se destes pelos dois estiletes longos que parecem arames de prata e pelas bandas claras no cálice venado de sépalas.
Petrorhagia deriva do grego petros, rocha, e rhagas, fissura, aludindo por certo ao habitat de rochas e areia, e em pleno sol, que as plantas deste género apreciam. Diz-se que nanteuilii é homenagem de Burnat ao Barão Edmond Jules Marie Roger de Nanteuil (1857-1951).
1 comentário :
Aqui na Madeira, está em flor agora, em fevereiro.
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