22/10/2009

Terebinto



Pistacia terebinthus L. - vale do rio Tua em Abreiro

O Vale de Elah, a oeste de Jerusalém, foi o palco da luta entre David e Golias, e deve o nome a esta pistácia; crê-se que o termo hebraico elah usado no Velho Testamento designa também os carvalhos, destacando o vigor e a durabilidade comum a estas árvores. O terebinto é abundante na região mediterrânica, no norte de África e sudoeste da Ásia; e, como é tolerante a regimes de seca e ao frio, dá-se bem em áreas de solo quase desértico até 1500m de altitude. No Médio Oriente, onde partilha o território com a Pistacia palaestina, exemplares de grande porte estão associados a figuras bíblicas eminentes ou a teofanias.

O terebinto pode chegar aos 5 metros de altura e tem folhas compostas que caem no Inverno - com um folíolo terminal que está ausente no lentisco. Incisões no tronco fazem-no ressumar uma resina perfumada, a terebintina-de-Quio, com vasto uso em vernizes, vinhos e molhos; também pelo aroma, a madeira é preferida para caixas de charutos. As flores, sem pétalas, são púrpura e dispostas em panículas nas axilas das folhas, nascendo com a folhagem nova em Abril-Maio: as das plantas masculinas têm um cálice pentalobado, cinco estames, anteras gigantes e um nectário; as das femininas são feitas de um cálice fendido em três ou quatro lóbulos e um estilete curto rematado por três chifrinhos. Os frutos são drupas diminutas da cor do coral, usadas para condimentar pão ou, tostadas, numa bebida quente com o aspecto de café (e pistacia deriva do grego pistake, noz). E então, pergunta o leitor desconfiado, o que é aquela vagem que se vê na foto? É um bugalho, como os dos carvalhos, excrescência produzida pela picada de insectos que usam este «feijão» como uma barriga de aluguer - negócio naturalmente vantajoso para a árvore, que assim se protege das malfeitorias do bicho.

O género Pistacia contém nove espécies da América, Europa e Ásia. As sementes da iraniana P. vera são os saborosos pistácios dos sorvetes verdes. No Porto há um exemplar famoso de Pistacia atlantica que lhe apresentaremos num dia com mais vagar.

8 comentários :

Rafael Carvalho disse...

O terebinto, mais conhecido por cornalheira (uma alusão aos seus bugalhos, com a forma de corno), é muito frequente na região do Douro.
No início da Primavera, os montes apresentam-se salpicados de tons rubros, devido à coloração juvenil das suas folhas. As folhas evoluem posteriormente para tons verdes, regressando novamente ao rubro aquando do Outono.

Maria Carvalho disse...

Quando a folhagem está verde, notam-se as bagas coradinhas - e a literatura botânica menciona também a designação cerejeira-bastarda.

GPC disse...

Ao que parece tenho um terebinto e não sabia.
http://cid-308ffd7f52939f58.photos.live.com/self.aspx/terebinto/2010-09-15%20001.jpg

Que acham?
cumprimentos

Paulo Araújo disse...

Realmente parece muito um terebinto. Onde é que mora essa sua árvore? Se for no Douro a sua presença não é de espantar.

Saudações,
PVA

GPC disse...

Sim, no Douro. Em frente à foz do Tua.
Obrigado.

Unknown disse...

Muito elucidativo esse post! Obrigada por dividir conhecimento!

Unknown disse...

Só aprendendo aqui obrigada!!!!

Paulo Martins disse...

Alguém me consegue arranjar algumas sementes desta árvore?