A prima boazinha
Pontederia cordata L.
É o que consta das cartas de recomendação reproduzidas nos manuais de botânica: embora sem esconder o parentesco com o jacinto-de-água, reflectido tanto no aspecto geral da planta como na preferência por habitats aquáticos, a Pontederia cordata tem uma índole completamente diferente, muito mais benigna e recatada. Mais alta e empertigada (1 metro contra 50 cm), com flores mais miúdas e dispostas em espiga, é também nada e criada no novo mundo, numa faixa que vai do sul dos EUA à América tropical. O que mais diferencia estes dois primos é que a Pontederia, receosa de ser deixada à deriva, prefere agarrar-se ao chão pelas raízes, enquanto que o jacinto-de-água flutua sem medo para onde o vento ou a corrente o empurrarem.
Não se conhece em Portugal qualquer nome vernáculo para a planta, e aliás ela pouco se vê por cá (as fotos são de um tanque no Parque da Cidade do Porto). Mas os brasileiros, sempre mais criativos do que nós no uso da língua comum, atribuiram-lhe pelo menos quatro designações: aguapé, rainha-dos-lagos, mururé e orelha-de-veado. Dessas, as três primeiras aplicam-se também ao jacinto-de-água - o qual, com uma avidez nomenclatural que lembra fidalgo da mais antiga estirpe, ainda se apropriou de mais seis nomes: camalote, mureré, baronesa, pareci, murumuru e pavoa.
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