Garça malvada
Geranium e Erodium são dois géneros que facilmente se confundem, distinguindo-se sobretudo pelo número de estames em cada flor: 10 para o primeiro, 5 para o segundo. Têm o mérito de fornecer, ao longo de quase todo o ano, boa parte das flores silvestres que vemos não só em espaços naturais como nos vazios que o descuido e o abandono vão criando nas cidades. Está bom de ver que esse desmazelo é do nosso agrado: um terreno forrado com gerânios e outros ervas atrevidas é bem mais interessante e vivo do que um relvado. Para completar o contingente da família Geraniaceae em território nacional, há ainda as sardinheiras (género Pelargonium) trazidas da África do Sul para enfeitar as nossas varandas. Graças aos seus frutos alongados, que evocam aves de bico comprido, os nomes vernáculos em inglês destas plantas são heron's bill para o Erodium, crane's bill para o Geranium, e stork's bill para o Pelargonium. São aliás os nomes gregos desses mesmos bichos que fornecem os nomes científicos. Em português, reservamos o bico-de-cegonha para o Erodium, mas seria mais apropriado falar em bico-de-garça.
Ao contrário de outros bicos-de-garça mais comuns, que têm folhas compostas pinadas, o Erodium malacoides exibe folhas simples e cordiformes, de margens grosseiramente serradas. A semelhança das suas folhas com as das malvas é que justificará o epíteto malacoides. Outro carácter distintivo da garça-malvada é a longa e penugenta haste floral, com as flores de cerca de 1,5 cm de diâmetro agrupadas em umbelas de três a oito. Florescendo de Fevereiro a Junho, é uma planta anual ou bienal do sul da Europa e de toda a região mediterrânica, que se dá em bermas de estrada e terrenos baldios.
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