Orquídea sulfurosa
Há uns anos, numa feira de minerais que se realiza anualmente na Universidade do Porto, comprámos um cristal de enxofre. A pedra é de um amarelo pálido como o desta orquídea, e não tem o odor desagradável característico de alguns compostos de enxofre — tão acre que o inferno se apropriou dele. Por cá, o enxofre também tem utilidade, sobretudo depois que Charles Goodyear (1800-1860) notou que, se a borracha (na altura retirada da Hevea brasiliensis) for cozinhada com enxofre, ela adquire maior durabilidade e resistência, e permanece elástica sob temperaturas mais extremas.
Este elemento químico é abundante em minerais, lavas e fumarolas vulcânicas
[neste momento, um dos leitores lamenta irritado a vulcanização do espaço aéreo]
formando com frequência moléculas em forma de anel. Contudo, é só na literatura — pelo menos em The Brimstone Wedding, de Barbara Vine — que se fala de bodas de enxofre, comemoração dos 13 anos de matrimónio.
[neste momento, ouvem-se vivas de muitos leitores ébrios]
As bodas oficiais, de nomes solenes ou perolados, festejam apenas períodos de casamento múltiplos de cinco. Mas esta orquídea é muito rara, restringindo-se a prados ensombrados, soutos e carvalhais antigos, que também escasseiam; por isso, desrespeitaremos a tradição e se, daqui a um ano, a reencontrarmos, saudá-la-emos com umas bodas de rocio.
2 comentários :
Mas elas são tantas! E eu que pensava que não tínhamos orquideas a não ser em vasos...
Linda, esta!
Luz
Há cerca de 60 espécies de orquídeas silvestres em Portugal (não contando com os híbridos); temos ainda muitas fotos para lhe mostrar. Haja tempo.
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