Benigna dos bosques
As orquídeas servem de chamariz, mas acabamos sempre por juntar outras plantas ao nosso cabaz de fotos. Se percorremos os carvalhais de Sicó de pescoço curvado, é porque vasculhamos o solo em busca de orquídeas. Mas depois outras florzinhas clamam por atenção e quase esquecemos aquelas que primeiro nos chamaram. É como ir a um rodízio (coisa que, ressalve-se, não temos o hábito de fazer) e atafulhar a pança com salsichas e rissóis; quando chegam a picanha e outras carnes de primeira, já não sobra apetite para mais.
Comparação um tudo-nada infeliz, por dois motivos: não há plantas de primeira ou de segunda; e o nosso apetite botânico nunca está saciado. Até porque cada plantinha em flor, por muito exuberante que pareça, pode estar a despedir-se: quando, semanas depois, regressamos ao mesmo local, já ela se remeteu ao anonimato. Mais só para o ano. Agora são outras as flores no escaparate.
Também a benigna-dos-bosques (nome acabado de inventar para a Geum sylvatica) encerrou já uma temporada que, pelo menos no centro do país, teve o seu momento alto em Abril. Planta penugenta, com folhas engelhadas em roseta basal e flores de 2 cm de diâmetro, é típica de lugares húmidos e de bosques umbrosos. É uma das três espécies do seu género espontâneas no nosso país; as outras são a G. hispidum e a G. urbanum. E a essas devemos acrescentar aquelas de maior requinte, como a Geum chiloense, que têm poiso nos jardins de onde as flores não foram ainda escorraçadas.
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