21/05/2010

Benigna dos bosques

Geum sylvaticum Pourr.
As orquídeas servem de chamariz, mas acabamos sempre por juntar outras plantas ao nosso cabaz de fotos. Se percorremos os carvalhais de Sicó de pescoço curvado, é porque vasculhamos o solo em busca de orquídeas. Mas depois outras florzinhas clamam por atenção e quase esquecemos aquelas que primeiro nos chamaram. É como ir a um rodízio (coisa que, ressalve-se, não temos o hábito de fazer) e atafulhar a pança com salsichas e rissóis; quando chegam a picanha e outras carnes de primeira, já não sobra apetite para mais.

Comparação um tudo-nada infeliz, por dois motivos: não há plantas de primeira ou de segunda; e o nosso apetite botânico nunca está saciado. Até porque cada plantinha em flor, por muito exuberante que pareça, pode estar a despedir-se: quando, semanas depois, regressamos ao mesmo local, já ela se remeteu ao anonimato. Mais só para o ano. Agora são outras as flores no escaparate.

Também a benigna-dos-bosques (nome acabado de inventar para a Geum sylvatica) encerrou já uma temporada que, pelo menos no centro do país, teve o seu momento alto em Abril. Planta penugenta, com folhas engelhadas em roseta basal e flores de 2 cm de diâmetro, é típica de lugares húmidos e de bosques umbrosos. É uma das três espécies do seu género espontâneas no nosso país; as outras são a G. hispidum e a G. urbanum. E a essas devemos acrescentar aquelas de maior requinte, como a Geum chiloense, que têm poiso nos jardins de onde as flores não foram ainda escorraçadas.

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