Arroz tetrâmero
A juntar àquele que há dias aqui trouxemos, este é o condimento que faltava para completarmos a salada de arrozes com travo nordestino. É também uma planta suculenta, anual, baixinha (de 4 a 6 cm de altura) e discreta, moradora de sítios áridos e rochosos e de bermas de caminhos, e que floresce na Primavera. Destaca-se entre as suas congéneres, quase todos elas adeptas indefectíveis do número cinco, por ser uma defensora incondicional do quatro: cada uma das suas flores tem quatro sépalas, quatro pétalas e quatro estames. Em linguagem semi-erudita, polvilhada de grego, dizemos que as flores do S. andegavense são tetrâmeras, enquanto que as dos outros arrozes são, em geral, pentâmeras; ou que o nosso Sedum pratica o tetramerismo, por dissidência com a seita maioritária dos seguidores do pentamerismo.
Distribuído quase de norte a sul do território continental português, o S. andegavense parece contudo evitar regiões costeiras (com excepção das Berlengas), preferindo refugiar-se no interior do país. Adaptado a climas quentes e secos, é nativo da Península Ibérica e da metade oeste da bacia mediterrânica, incluindo Itália, França, Córsega, Sardenha, Marrocos e Argélia. Embora Lineu e outros patriarcas da taxonomia botânica se tenham por vezes equivocado na origem geográfica das plantas ao atribuir-lhes epítetos que evocam locais, desta vez a palavra andegavense informa correctamente que a primeira descrição publicada da planta (como Crassula andegavense, em 1815, por Augustin Pyrame de Candolle) foi baseada em exemplares colhidos perto da cidade francesa de Angers.