Assobio agudo
A Península Ibérica é rica em assobios. Não nos referimos àqueles sonoros de incitar ou vaiar os artistas em palco (embora desses também não haja poucos), mas às plantas do género Silene. Segundo os eruditos da Flora Ibérica, são cerca de 70 as espécies nativas; há ainda duas ou três introduzidas e outras tantas já extintas. E desta vez não nos podemos queixar de uma partilha mal feita, pois a Portugal couberam várias dezenas de espécies, algumas delas confinadas ao lado de cá da fronteira.
Até agora só prestámos atenção a espécies de Silene que vivem à beira-rio ou à beira-mar; ou que, grosso modo, ocupam a faixa mais ocidental do nosso território. (Clique na etiqueta Caryophyllaceae aí em baixo para ver mais silenes.) No intuito de repor o equilíbrio e mostrar a versatilidade destas plantas, trazemos hoje uma espécie de montanha, que se encontra em fissuras de rochas graníticas ou noutros lugares abertos acima dos 700 metros de altitude. A Silene acutifolia é uma planta peluda, ramificada, com folhas pontiagudas dispostas aos pares, capaz de atingir uns 35 cm de altura. As flores, que surgem entre Maio e Agosto, têm uns 18 mm de diâmetro, apresentam cálice arroxeado e pétalas rosadas, e reúnem-se em grupos de não mais que três na extremidade dos galhos.
Não fosse a sua presença no sul da Galiza, a S. acutifolia seria um exclusivo das montanhas do norte e centro de Portugal. Assim sendo, ficamos com um endemismo luso-galaico, o que até pode ter significado geo-político. Apesar de a termos fotografado na Serra do Gerês, ela não nos pareceu abundante por lá. Na Serra da Aboboreira (Amarante) encontrámos populações bem mais numerosas.
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