15/06/2010

Dia com árvore

Amelanchier ovalis Medik.


Acusados de negligenciar as árvores, dedicando dias e noites ao grande mundo das plantas pequeninas, trazemos hoje uma planta lenhosa para entremear os nossos devaneios. Vimos de corda ao pescoço porque só agora a descobrimos e ela — que é nativa de matos pouco densos à beira de água ou ladeiras rochosas de montanhas no centro e sul da Europa, região mediterrânica e norte de África — tem-se vindo a tornar rara na Península Ibérica, constando da lista madrilena de espécies da flora silvestre ameaçada, com o estatuto de vulnerável.

De longe, os curtos ramalhetes corimbiformes de flores lembram outra rosácea, a sorveira (Sorbus sp.). As flores, cujos botões levam um ano a desabrochar, têm um cálice de cinco sépalas de permeio com cinco pétalas estreitas, longas e espaçadas entre si; ao centro, nota-se uma dezena de estames. É arbusto de folha caduca, alterna, simples e oval, de margens finamente dentadas, cor-de-rosa e de face inferior pubescente quando jovem, púrpura no Outono. Os frutos são carnudos e de sabor doce (crê-se que o nome do género deriva de mel), negros e perfumados quando maduros (no fim do Verão), coroados pelo ex-cálice da flor; usam-se em compotas e bolos ou (na falta de gente que lhes dê uso) são simplesmente comidos pelos pássaros.

A planta tem reputação medicinal e a madeira é apreciada como combustível. Em inglês chamam-lhe snowy mespilus, em espanhol tratam-na por guillomo, em euskera por arangurbea; por cá não há registo de nome vernacular (no Portugal Botânico de A a Z atamancaram-lhe o postiço nome de amelanqueiro) e quando a encontrámos no Gerês não havia pastores por perto para nos elucidarem.

1 comentário :

Anónimo disse...

Em galego vem também guillomo (guilhomo) para a espécie ("Termos esenciais de Botánica", USC)