Raios-rosa
Radiola linoides Roth
Já aqui vos revelámos que encontrámos, e escondemos, um pradinho húmido de solo ácido num recanto de Valongo que parece açoriano, tão modesto que nele só cabem plantas pequeninas e poucos pés de cada uma. A da foto, delicada e de estatura exígua (cada flor tem uns 2 mm de diâmetro), não tem nome comum em português. Quererá o leitor propor algum que lhe assente bem? Lineu chamou-lhe, em 1753, Linum radiola, mas A. W. Roth (1757-1834) entendeu, em 1788, que deveria autonomizá-la, e ela é hoje a única espécie do género Radiola; mais tarde, houve ainda quem propusesse as designações Millegrana radiola ou Radiola multiflora, mas prefere-se hoje a opção de Roth.
Esta herbácea anual, rara e em risco de desaparecer em vários habitats da Europa e Macaronésia, é da família Linaceae, a da planta do linho (Linum usitatissimum L., de cujo talo alto se retiram as fibras para fabricar o tecido), mas tem caules tão baixos (~ 5 cm) e ramificados que nem para um escarpim se aproveitam. As folhas, de uns 2 mm de comprimento, são sésseis, elípticas e opostas, com um só veio central. As flores desabotoam em inflorescências terminais ralas entre Maio e Agosto; têm pétalas brancas e sépalas, de igual tamanho, tridentadas no ápice e raiadas de cor-de-rosa.
Radiola deriva de radius — e assinalam-se hoje os cento e quinze anos da descoberta da radiação electromagnética, que Wilhelm Roentgen cautelosamente nomeou com a letra que serve de incógnita em matemática.
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