26/10/2010

Minuete nas pedras

Curral da Carvalha das Éguas — serra do Gerês

Minuartia recurva (All.) Schinz et Thell.


Não sabemos se o naturalista e boticário catalão Juan Minuart (1693-1768), homenageado em 1907, alguma vez viu esta planta. Talvez só devêssemos designar as plantas com nomes de pessoas, ou vice-versa, quando garantido o encontro entre o nomeado e a musa.

Quando a encontrámos, em Junho, no caminho no Gerês que nos levou a uma orquídea rara, pensámos tratar-se de uma arenária (e, na verdade, a designação inicial, de 1785, foi Arenaria recurva All.), pelas flores brancas com centro verde e as folhas aciculares, um pouco curvas de um lado, com a nervura central saliente. Mas as pétalas desta Minuartia são espaçadas, permitindo ver as sépalas, e unguiculadas (repare na base de cada uma).

É uma herbácea perene baixinha, embora com ramos lenhosos, e bem adaptada a ambientes frios entre rochas de montanha. É nativa do sul da Europa (mas na Península Ibérica restrita à metade norte e, em Portugal, às serras do Gerês e da Estrela), Sudoeste da Ásia e, pulando os torrões intermédios, do sul da Irlanda. Floresce no Verão para que o seu encanto não se perca com a neve.

Tradicionalmente a estirpe do Gerês é arrumada na subespécie juressi, mas as semelhanças com a M. recurva subsp. condensata, da Sicília, têm retirado pertinência a esta distinção.

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