29/07/2009

Gigantes da Beira



É o rio Côa que se vislumbra entre as ramagens deste cedro. Mais acima, na mesma ladeira, ficam o Museu e o Auditório municipais da cidade do Sabugal. Foi lá que decorreu, a 25 de Junho, a primeira parte do seminário Árvores monumentais - importância e conservação, de que o Pedro Santos publicou há dias na Sombra Verde uma reportagem em três partes (confira aqui, aqui e aqui).

A mascote não oficial do encontro foi a sequóia-gigante centenária que arrebita a sua elegante flecha no jardim contíguo ao auditório. Trata-se de uma árvore admirável, e foi graças às diligências do Pedro que esse carácter de excepção lhe foi reconhecido em Agosto de 2008, quando a Autoridade Florestal Nacional a declarou árvore de interesse público. É a segunda árvore do concelho do Sabugal que ostenta esse galardão; antes dela, em 2004, tinha sido classificado um dos veneráveis castanheiros que visitámos no passeio de 26 de Junho.


Sequoiadendron giganteum (Lindl) J. Buchholz

Já antes explicámos ao leitor as razões para nos sentirmos pequeninos face a estas sequóias, que são, no seu habitat natural (Sierra Nevada, na Califórnia), as mais volumosas árvores do mundo, e também das mais longevas. Em lugar de nos repetirmos, convidamo-lo a recapitular aqui a matéria dada. A sequóia do Sabugal, ainda longe de atingir o porte das suas irmãs mais velhas, vale como promessa. E é à conta dessa promessa (que a seu tempo cumprirá, se a tratarem bem) que vai tendo o ego bem afagado, como presença já habitual na blogosfera lusa.


Sequoiadendron giganteum - Parque do Hospital da Guarda

Há uma segunda espécie de sequóia (Sequoia sempervirens), também nativa da Califórnia, que, por se ter adaptado melhor ao nosso clima, se encontra em parques e jardins um pouco por todo o país. A Sequoiadendron giganteum, porém, originária de uma zona de montanha (entre os 1500 e os 2000 metros de altitude), prefere climas mais secos e frios. Em Portugal, as condições ideiais para o seu desenvolvimento parecem concentrar-se na Beira Interior, num triângulo com vértices na Guarda, no Trancoso e no Sabugal. Na cerca do Hospital da Guarda, antigo sanatório, há um conjunto de mais de cinquenta sequóias-gigantes plantadas na primeira década do século XX, num parque inaugurado pelo rei D. Carlos em 1907; a mais alta supera actualmente os 47 metros de altura. O parque será uma miniatura quase infantil das famosas florestas de sequóias na Califórnia; mas, por muito pequenas e poucas que sejam essas árvores na Guarda quando medidas por tão exigente bitola, são senhoras bem capazes de nos suscitar respeito e admiração.

5 comentários :

José Batista da Ascenção disse...

Vejo porém na fotografia duas árvores que me parecem secas e, pelo menos, mais uma ou duas que parecem estar a secar do topo para a base. Efeito de chuvas ácidas? Uma praga? Inadaptação ao clima ou ao solo?...

Paulo Araújo disse...

Há de facto uma meia-dúzia de árvores secas entre as sequóias do Hospital da Guarda. Não sei há quanto tempo morreram (vi-as e fotografei-as só no ano passado), nem sei se o problema se tem agravado. Não faço ideia do que pode estar a afectar as árvores, mas era bom que alguém estudasse o assunto (por que não a Autoridade Florestal Nacional, que afinal as classificou de interesse público?).

Lx disse...

Informei um website americano acerca da existência de sequóias em Portugal. Esse website inclui uma Galeria Europeia de sequóias, em diversos países. Galeria na qual Portugal ainda não aparece...

O Sr. Paulo Araújo autorizaria o uso das suas fotos na Galeria deles? (com devida referência ao seu nome)

Paulo Araújo disse...

Sim, autorizo com todo o gosto o uso das fotos.

LX Projectos disse...

Eles já colocaram online:

www.giant-sequoia.com/gallery/europe/portugal/

Obrigado mais uma vez!