22/04/2010

Alho tríquetro

Allium triquetrum L.
Ainda a chuva e o frio de Março por aqui nos serviam e já se viam mantos de flores deste alho em terrenos húmidos, escarpas soalheiras e jardins. Agora este regato branco parece na iminência de secar. Engano nosso: a planta acautelou-se com numerosos bolbos e os frutos são cápsulas, com dezenas de sementes escuras, suficientemente robustas para rolar por alcantis enquanto sacolejam e espalham o conteúdo. É tão eficiente a propagar-se fora da região mediterrânica de onde é nativa, que são comoventes as denúncias dos que candidamente desejaram canteiros com outras cores e a quem resta, em jeito de vendeta, consumir os bolbos como tempero — recendem intensamente a Allium sativum L. se triturados — até ao extermínio.

O nome (do latim triquètru, triangular) alude à quilha de três gumes nas folhas e à secção também triangular da haste floral. As flores hermafroditas têm tépalas raiadas de verde e nascem em umbelas pendentes e unilaterais — ouvidos atentos ao urdir da Terra.

3 comentários :

Rúben Boas disse...

Mais uma das plantas que vi florescer há pouco tempo aqui perto, e que agora fico a saber que é um alho. Vou experimentar! ;)
Obrigado.

Rafael Carvalho disse...

O Allium triquetrum L. figura entre as espécies que comportam um elevado risco ecológico, no que respeita ao seu potencial invasor (conferir em http://www1.ci.uc.pt/invasoras/index.php?menu=135&language=pt&tabela=geral.
Por ignorar o seu risco, tinha plantado alguns no meu jardim. Já os erradiquei.

Maria Carvalho disse...

Rúben: É mais saborosa que o alho comum.

Rafael: Pois é, nem precisava de o ter plantado para o ver surgir no seu jardim. O problema, claro, não é que se multiplica em demasia, mas que esse excesso impede outras plantas de sobreviver.