15/05/2010

Farolando à beira-mar

Armeria welwitschii Boiss.
Friedrich Martin Josef Welwitsch (1806-1872), botânico austríaco, estudou a flora portuguesa entre 1839 e 1853, e depois a de Angola, até 1860. Esta arméria, que o celebra, é um endemismo lusitano nativo das rochas e dunas do litoral centro do país. Ela sabe que esta moradia é instável, com o vento sempre a rondar-lhe a porta, demasiado perto do areal onde o mar se lava do sal, obrigando-a a uma dieta repreensível. Por isso soube adaptar-se. Talvez um híbrido de A. pungens e A. berlengensis, sobrevive com uma rega frugal, não é exigente em nutrientes e resiste à acção abrasiva do vento dispondo a folhagem, acaule e estreita, num tufo denso; além disso, lança a haste floral na época mais favorável (Março a Julho), optando por uma inflorescência globular compacta, brácteas protectoras longas, e pétalas que parecem de papel — leveza e textura que lhes garantem durabilidade e um porte favorável à polinização.

Além do mar que vai roendo a costa, é um diabo sul-africano, o suculento chorão-das-praias (Carpobrotus edulis), a mais grave ameaça à erva-divina. De caules que se enraízam nos nodos, o chorão foi em tempos encorajado para fixar dunas; cobra-nos agora um alto preço por esse serviço. Não havendo controle, ocupará as arribas e areias oficiosamente protegidas por pertencerem à Rede Natura, ou sob a alçada da Convenção de Berna, mas de facto perigosamente à mercê das exóticas astutas. Será que a senhora ministra vai à praia no Verão?

1 comentário :

Carolina disse...

Acabei de as ver agora, cobrindo as dunas, na praia de Morgavel/Sines!