02/07/2010

Meia pensão


Osyris alba L.

Ao contrário de boa parte das suas colegas parasitas, o sândalo-branco (que é apenas parasita por metade, ou hemiparasita) aprecia uma dieta variada, sugando com moderação as raízes de qualquer planta que encontre por perto. Pôde assim adaptar-se a diversos habitats da região mediterrânica, desde bosques a charnecas e a terrenos baldios. É um arbusto formado por ramadas finas e longas (até 1,5 m), pontuadas por raminhos curtos onde despontam folhas sésseis com cerca de 1,5 cm de comprimento. As flores perfumadas e minúsculas (8 mm), com as três pétalas fundidas em tubo, apresentam, vistas de frente, a forma de um triângulo equilátero. Tratando-se de uma planta dióica, há indivíduos dos dois sexos, cada qual com o seu tipo de flor. As flores masculinas, caracterizadas pela presença de estames, surgem em cachos, enquanto que as femininas aparecem isoladas. Por inadvertência, fotografámos apenas uma planta masculina.

A família Santalaceae, integrada exclusivamente por plantas hemiparasitas, está ainda representada em Portugal por herbáceas do género Thesium. Conforme aqui se pode ler, tais plantas apresentam uma frutificação curiosa, em que a parte carnuda resulta do engrossamento do pedúnculo floral. Por contraste, os frutos da Osyris são simples bagas vermelhas, presumivelmente venenosas.

Alargando o âmbito geográfico à Europa e ao Oriente, seria imperdoável não mencionar os dois mais famosos membros desta família botânica. Um deles é o visco (Viscum album), em inglês mistletoe, que se empoleira nas árvores e convida os namorados a trocarem beijos. O outro é o sândalo (Santalum album), árvore que ocorre desde a Índia até à Austrália e que é muito estimada pela madeira fragrante e pelo óleo que dela se extrai.

3 comentários :

Rafael Carvalho disse...

No meu jardim de autóctones, plantei um sândalo-branco no ano passado, que me parece estar de saúde. Desconhecia ser uma planta hemiparasita. Por enquanto nenhuma das suas vizinhas se queixou!
Cumprimentos.

Paulo Araújo disse...

Excelente ideia, essa de plantar um jardim só com plantas nossas. E, tendo a companhia de outras plantas também autóctones, é natural que o sândalo-branco se dê bem. As plantas do seu jardim são transplantadas da natureza ou criadas de semente, não? Não conheço nenhum horto que as tenha à venda.
Saudações.

Rafael Carvalho disse...

Pela inexistência na minha área geográfica de hortos com variedade de plantas autóctones, tenho-as reproduzido nalguns casos por semente, noutros por transplante.
Existe contudo em Lisboa uma empresa especializada na propagação e comercialização de plantas autóctones. Aconselho vivamente uma visita ao seu sítio na Net: http://sigmetum.pt/
Cumprimentos.