10/07/2010

Sapeando nas dunas


Honckenya peploides (L.) Ehrh.


Como nós, esta planta aprecia a maresia e a água fresca. No caso dela porque é mais fácil fixar-se na areia grossa que dá forma ao topo das dunas embrionárias — que são contudo as mais próximas da borrasca e as mais vulneráveis à erosão — ao mesmo tempo que beneficia da presença dos polinizadores que um curso de água doce naturalmente atrai. Por isso, instala-se em areias marítimas vizinhas da foz de rios. Pode encontrar-se em toda a costa da Europa ocidental, de Portugal até ao Ártico, mas esta opção pelo risco está a comprometer a sua existência: ou a praia lhe foge, desalojando-a, ou a enterra viva, ou as suas sementes não vingam em ambiente com tão poucos nutrientes e chão tão movediço. Por exemplo, no Mindelo e em Esposende, onde houve registo de populações numerosas, não restarão mais de 4 ou 5 metros quadrados de área ocupada pelo sapinho-das-areias. Em algumas regiões costeiras da Europa, ganhou finalmente estatuto de espécie protegida; por cá, é mais provável que o decreto não chegue a tempo.

A beldroega-do-mar é planta perene, glabra e carnuda, com talo anguloso e folhas sésseis, ovais, imbricadas em pares opostos e dispostas em patamares, evocando cada torre um pequenino templo japonês. As flores medem cerca de 7 mm de diâmetro e as cinco pétalas brancas são menores do que as sépalas. O fruto parece uma ervilha amarela (as das fotos) com vincos por onde se abrirá para libertar as sementes.

Há quem lhe chame Honkenya para poupar nos c's do nome do botânico alemão Gerhard August Honckeny (1724-1805), a quem esta designação é dedicada. Uns insistem que o termo peploides sublinha a parecença com a beldroega (do latim peplion); outros adoptam a conexão com peplo (do latim peplum), manto ornamentado usado por deuses e heróis; a terceira de muitas versões correntes lembra a semelhança da ramagem desta planta com a do género Peplis, designação atribuída por Dioscorides a uma eufórbia do Mediterrâneo.

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