A orquídea mais ocidental da Europa
Nota. Em Dezembro de 2013, graças ao artigo Systematic revision of Platanthera in the Azorean archipelago, de Richard Bateman et al., esta espécie passou a chamar-se Platanthera micrantha.
Depois de avistar vários exemplares da Azorean smaller orchid, com diferenças significativas de tamanho e matiz de verde, convencemo-nos de que algum deles seria a Azorean greater orchid. Mas era pouco provável porque, apesar de partilharem o habitat, esta é muito mais rara. O Paulo fotografou-a na ilha das Flores a espreitar por entre a urze numa cratera acima dos 500 m; nas várias deambulações pela ilha, não se encontraram mais do que seis plantas.
Entre estes dois tamanhos, não há outras orquídeas nas Flores. Noutras ilhas açorianas ocorre ainda a Serapias cordigera L. (a que chamam bico-de-queimado) e, na Terceira e Sta. Maria, pode ver-se também a Serapias parviflora Parl. (a que, estranhamente, dão o mesmo nome que no continente, serapião-de-língua-pequena). Apesar disso, o povo nunca reparou nesta orquídea e, por isso, ela ainda não tem nome comum em português. É, como a P. micrantha, endémica dos Açores, mas apenas referenciada nas ilhas de S. Miguel, S. Jorge, Pico, Faial, Flores e, mais recentemente, Corvo.
Gosta de encostas declivosas e da margem da floresta laurissilva, é mais robusta do que o conchelo-do-mato (a da foto mede cerca de 60 cm de altura), tem uma inflorescência esbranquiçada mais alta mas mais lassa, e as duas folhas basais são bastante mais largas e compridas. Mas a diferença maior com a P. micranta está na posição das sépalas, descaídas como orelhas de cachorro Basset Hound, e no labelo, mais estreito e curvado para cima, por vezes a cobrir a entrada do esporão, que é notoriamente mais fino e comprido (7-10 mm).
As duas Platanthera(s) açorianas têm um mês de floração conjunta, mas não se lhes conhecem híbridos. Esse isolamento, que comprova estarmos perante duas espécies bem definidas, é reforçado pela tendência para a auto-fertilização. É bem provável, porém, que no continente europeu, americano ou africano viva ainda, inalterado, um ascendente comum destas duas orquídeas irmãs.
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