Narcisos da pedra branca
Este é um narciso endémico de Portugal, e não está em risco de extinção. O que não significa que não esteja ameaçado. São escassos os livros que o mencionam, e a sua área de distribuição também é reduzida, embora haja populações abundantes em locais protegidos: só se encontra no Algarve, na Arrábida, e no Maciço Calcário Estremenho (de Montejunto a Sicó). Está legalmente salvaguardado por decreto-lei e directiva europeia, mas não resistirá à extracção descuidada de inertes nem à pressão urbanística.
A flor é pequenina mas tão amarela que é fácil avistá-la escondida nas fendas de rochedos calcários ou baixinha em solos húmidos de azinhais. É um geófito (as gemas de renovo são subterrâneas) bolboso que pode chegar aos 30 cm de altura e cuja floração, como a do N. bulbocodium L. e a do N. triandrus L., se inicia no Inverno.
O botânico Francisco de Ascenção Mendonça (1889-1982) foi docente na Universidade de Coimbra e investigador do Instituto de Investigação Científica Tropical, em Lisboa. Nos anos 40 do século passado, iniciou, com João de Carvalho e Vasconcellos — e a cooperação de um grupo de finalistas do Instituto Superior de Agronomia (ISA) e de uma equipa de diligentes colectores —, um projecto pioneiro sobre a diversidade botânica duriense. Herdeira dessa pesquisa é a obra Flora da Região Demarcada do Douro, de António Crespi, Adriano Castro e Sónia Bernardos (Mirandela, 2005), um tratado científico que assume uma preocupação legítima com a preservação dos nossos depauperados recursos naturais.
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