A Flowering Tree
Halleria lucida L. [Tree Fuchsia]
Words (of W. H. Auden) You like Ben. But does Ben like you?Music (of Benjamin Britten) Like us? No! He loves us!
Words It's never, "Do I mean that still?"
Music No.
Words Never, "Was I being sincere?"
Music The idea.
Words Look. I have to come clean. We, the poems, the stuff he's written... we are sometimes hated.
Music Hated? But he wrote you.
Words We embarrass him. We embarrass him so much several of my collegues never even made it into the Collected Poems.
Music No!
Words Excluded. Purged.
Music Purged?
Words Never spoken of again. There was Spain, a perfectly good poem cut out completely. Another one, September 1, 1939, he had 'second thoughts' about. And you can't do that, you see. It makes the rest of the oeuvre very nervous... I mean, who's going to be next?
Music Dear me. I don't like the sound of this. Still let's look on the bright side: people only listen to the music; nobody listen to the words.
Words That's what Wystan says. (...) In the opera house words themselves go for nothing. An operatic audience doesn't listen to the words and only hears maybe one in five. But that's not the point. The librettist's function comes earlier because what the librettist, the writer of words, has paradoxically to do is deliver the music. The librettist is a midwife.
Alan Bennett, The Habit of Art (Faber and Faber, 2009)
6 comentários :
Esta ópera é fraca, não merece a promoção.
HS
Como sempre, as opiniões dividem-se... Creio que a música quer ser minimalista mas é banal para ser popular; e a comparação com a de Mozart é espúria, como o próprio J. Adams esclareceu. Além disso, o libreto fica longe da seriedade do episódio indiano que o inspira, que julga e sentencia uma união indevida, por isso monstruosa, entre reinos - apesar de a mulher ser bela e de a árvore florir. O da ópera é um texto simples, de uma visão redutora dos americanos sobre a Índia, que é a dos filmes de Bollywood. E, por isso, parece ter-lhe escapado um detalhe do conto tradicional, o que motivou este post: Kumudha é castigada por usar o condão de se transformar em árvore sem ter necessidade dele. Como nós, pela natureza, quando, por puro adorno ou sobranceria, abusamos dela.
Não me parece que John Adams, aqui na dupla função de parteiro e parturiente, ainda vagueie pelo minimalismo. Pelo contrário, pressenti em "A Flowering Tree" uma tentativa de construção musical à maneira do romantismo, com momentos de tensão muito bem conseguidos.
O libreto pode ser redutor, como são geralmente os libretos das óperas, por economia de tempo, para facilitar a musicalidade, por questões poéticas ou do gosto da época. Neste caso específico, penso que música e libreto são funcionais, complementam-se e proporcionam momentos muito bonitos.
O tempo dirá se as óperas de Adams foram, ou não, importantes para a História da Música. Para já, tenho-as como uma lufada de ar fresco, depois de muito experimentalismo, de muita música cerebral que se tornou incantável e inaudível.
O facto de "A Flowering Tree" ter sido representada em Viena, Berlim, Paris, Chicago e Lisboa, com sucesso, num tão curto espaço de tempo, pode ser visto como um sinal de que o público quer ouvir música contemporânea que tenha posto definitivamente de parte a atonalidade, os serialismos, os minimalismos e outras tendências que chegaram ao beco. A saída pode ser o retorno a uma espécie de classicismo pacificador.
Obrigada pelo comentário.
Os libretos das óperas não são em geral redutores. Alguns dos fracos são, embora possam ser salvos, como fez Puccini, pela excelência da música.
O sucesso de uma ópera entre o público não é, felizmente, a medida da sua qualidade, ou teríamos de destronar Wagner. Nem pode ser a audiência, com ovações ou apupos, a gizar o futuro da música.
Quanto ao sucesso em Viena e etc. de "A Flowering Tree", convirá não escamotear o volume de críticas, de músicólogos e compositores, entre outros, às fragilidades desta obra.
E quem deseja música pacificadora? A arte nova não deverá conter o que não se sabe e nos desassossega?
A arte nova deverá conter o que nos desassossega, sim. E a arte antiga também. Puccini e Wagner continuam a desassossegar. Schoenberg e Beethoven também. Mas o desassossego que me provocam não é comparável à pura irritação causada por muitas obras que nunca mais quererei ouvir. Depois de ver a terceira instalação de Pedro Cabrita Reis ou o segundo pau velho de Joseph Beuys fico com vontade de ver Madonnas de Rafael e lembro-me do crítico de arte do New York Times que um dia decidiu começar a escrever sobre gastronomia.
Considero também que não são as críticas, boas ou más, que decidem o que será o futuro da música. Mahler teve críticas devastadoras, algumas óperas de Puccini e de Verdi foram arrasadas pela crítica, ou apontaram-lhes defeitos e fragilidades. Não quero dizer com isto que a música de Adams seja de grande qualidade ou que ele seja um compositor genial. O que penso é que ele aponta para um outro caminho, no sentido do reencontro da ópera contemporânea com o público. Esse apaziguamento parece-me muito bem-vindo e seria interessante que os cantores tivessem prazer em cantar obras contemporâneas em vez de as recusarem por as partituras serem incantáveis e assassinarem as vozes.
É claro que não são as críticas, mesmo as informadas, que decidem que música se inventa e perdura; mas elas têm de ser contabilizadas quando se fala do sucesso de uma obra.
Um público que aceita, sem sequer franzir a testa, que J. Adams amplifique as vozes do Coro da Gulbenkian não parece difícil de apaziguar.
Lamentavelmente, às casas de ópera, como às editoras, fazem falta Josés Rodrigues dos Santos ou Margaridas Rebelos Pintos, criadores medíocres mas que o público aplaude e consome. Felizmente, apesar dos dissabores, nem Mahler nem Wagner transigiram.
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