30/09/2010

O chão da lagoa

Lindernia dubia (L.) Pennell


A Lagoa do Mimoso, que integra a Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e, com São Pedro de Arcos, o Sítio ‘Rio Lima’ de Interesse Comunitário, transforma-se no Verão num pedaço de lua. A gestão deste sistema lacustre tem de manter «a harmonia entre o homem e a natureza» e por isso, dizem, é preciso escoar as lagoas para que, no Inverno, os terrenos agrícolas vizinhos não se encharquem em demasia. Seja, suspiramos.

Para cobrir a nudez, enquanto não chove, vale-se de plantas solidárias, algumas alóctones. A Lindernia dubia é uma herbácea anual com cerca de 30 cm de altura, natural da costa oeste americana, do Canadá ao Chile, e introduzida na Península Ibérica. Aprecia margens de ribeiros e terrenos temporariamente alagados com escassa vegetação permanente. Lineu chamou-lhe Gratiola dubia (do latim gratia, agradável), pela semelhança (duvidosa) com as plantas do género Gratiola, mas o naturalista italiano Carlo Allioni (1728-1804) emancipou-a num género que homenageia o botânico alemão Franz Balthasar von Lindern (1682-1755). Manteve o epíteto dubia, como quem pede desculpa pela ousadia, que só foi aceite em 1935. Hoje há já quem proponha uma família nova, Linderniaceae, para alojar as mais de sessenta espécies do género Lindernia.

As flores deste morrião têm um cálice de cinco sépalas e uma corola tubular de cerca de 1 cm de comprimento, branca com cambiantes azuis. O fruto é uma cápsula com sementes amarelas, como denuncia a designação vernácula yellowseed false pimpernel.

2 comentários :

ZG disse...

Mais uma beldade!

Maria Carvalho disse...

O chão da lagoa estava cheio delas, a competirem com um manto amarelo de centenas de pés de Hypericum elodes em flor. Um panorama fantástico mas que pareceu pouco natural.