Sua Alteza à beira-rio
Osmunda regalis L.
O feto-real (Osmunda regalis), além de bonito de se ver, dá-nos um consolador testemunho de que no nosso país ainda nem tudo está perdido. Certificam os manuais que ele ocorre em todas as províncias portuguesas; e, pelo menos no norte, é muito abundante em margens de rios e ribeiras. Em Valongo encontramo-lo no vale do rio Ferreira e também no leito da ribeira de Tabãos, na freguesia de Alfena. É omnipresente nos diversos cursos de água que retalham a Área Protegida das Lagoas, em Ponte de Lima. E também dá um ar da sua graça a um dos recantos mais pitorescos da Quinta da Aveleda, não se acanhando em misturar-se com requintadas plantas exóticas. Eis, pois, uma planta que não parece estar de modo nenhum a regredir, e que muitos dos nossos rios ostentam como prova de vida e promessa de tempos melhores.
Acrescente-se, porém, que este vistoso feto não é um exclusivo português. Pelo contrário, tem uma distribuição cosmopolita, ocorrendo em regiões tropicais e temperadas de todos os continentes, com excepção da Oceânia. Acontece que, em grande parte da Europa, as drenagens de áreas húmidas para uso agrícola têm-no feito rarear. Ainda que fortuitamente, Portugal, por uma vez, distingue-se pela positiva.
O que as fotos não explicam é o porquê do nome feto-real. A realeza da planta, aliás, está consagrada nas designações em muitas línguas europeias e também no próprio nome científico. É que o feto-real é mesmo grande; ou king-size, como se diz em português moderno. As suas frondes bipinadas — que desaparecem no Inverno, ganhando previamente um bonito tom outonal — atingem os dois metros de comprimento. As extremidades das frondes férteis, densamente revestidas por esporângios, têm cor dourada ou castanha e fazem o efeito de um ramo de flores; daí os nomes felce florida (italiano) e helecho florecido (espanhol).
Consta ainda que as raízes fibrosas do feto-real são usadas como substrato para envasamento de orquídeas. Não das orquídeas silvestres que temos mostrado no blogue — essas são uma dádiva da natureza e não sobrevivem à domesticação —, mas sim das variedades tropicais que se vendem nas floristas.
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