Smyrnium olusatrum L.
Ouro, incenso e mirra — a lista de oferendas é sempre recitada por esta ordem. Primeiro o ouro, marca de realeza e poder; segue-se-lhe o incenso perfumado e espiritual, de plantas do gênero
Boswellia; e só depois a mirra. Engano nosso, ao julgarmos que é a prenda de menor valor: esta resina fragrante, extraída de árvores do género
Commiphora, tem propriedades balsâmicas, anti-sépticas e anti-bacterianas; é por isso o símbolo da imortalidade.
Smyrnium perfoliatum L.
As umbelíferas das fotos, a que os ingleses chamam
alexanders (em alusão a Alexandria), não têm a mesma fama, embora o
S. olusatrum também se sirva em infusões aromáticas (e se tenha cultivado como verdura de Inverno), o
S. perfoliatum tenha uso ornamental por causa das folhas douradas na Primavera, e o nome
Smyrnium se refira explicitamente ao aroma a mirra das sementes. Que são ovóides, rugosas e escuras quando maduras no caso da primeira planta (
olusatrum deriva do latim
olus, erva, e
ater, negro), e pardas as do
S. perfoliatum. Este distingue-se do anterior por ter menor porte e pelas folhas caulinares não divididas ou menos recortadas; contudo, as duas espécies têm-nas sésseis e de aurículas grandes, de base cordiforme e adunada, parecendo que o caule as atravessa. Pelo contrário, as folhas basais são divididas e de pecíolo longo, tão diferentes que, quando as vimos, julgámos que fossem de outra planta que por ali se tinha esgueirado.
São herbáceas bienais, com hastes florais que podem atingir os 2 metros de altura. As flores hermafroditas, sem sépalas, de cinco pétalas amarelas com cerca de 1 mm de diâmetro, dispõem-se em umbelas compostas (como um guarda-chuva cujos raios terminassem em sombrinhas menores) de 8 a 20 umbélulas, mas em cada uma cerca de metade das flores abortam. A raiz parece um nabinho comprido. Apreciam sombra, lugares frescos, relvados húmidos e solos ricos em azoto.
O género
Smyrnium abriga sete espécies, cinco da Europa (das quais só duas ocorrem na Península Ibérica) e as outras da Ásia e África. São mais abundantes na metade sul do país. O
S. olusatrum é espontâneo no oeste e sul da Europa, Macaronésia e norte de África; o
S. perfoliatum é calcícola, nativo do centro e sul da Europa e região mediterrânica e, parece, mais raro por cá.