Invasão amarela
Sedum praealtum
Por falta de concorrência, as plantas que florescem no Inverno gozam de maior visibilidade, qualidade mediática hoje em dia muito prezada. E uma das que mais agora se vê - seja nas dunas, nos bosques, nas bermas de estrada ou em qualquer jardim menos cuidado - é o trevo-azedo (Oxalis pes-caprae), que dá justamente flores amarelas. Mas, como aquelas figuras públicas que nos cansam de tanto aparecerem, também a Oxalis, em vez de nos alegrar a vista, acaba por desgostar-nos. Seja como for, é a ela que devemos a hegemonia do amarelo no panorama floral da estação. Embora não saindo da mesma cor, trazemos hoje uma outra planta que, pelo menos por cá, se mantém educadamente confinada aos espaços que lhe foram destinados.
O género Sedum conta com cerca de 280 espécies de herbáceas suculentas no hemisfério norte, incluindo algumas que são espontâneas em Portugal, como o arroz-dos-muros e a erva-pinheira (Sedum sediforme) das dunas. A espécie S. praealtum é mexicana e chega a atingir metro e meio de altura, o que é invulgar para o seu género e explica o epíteto específico, que significa muito alta. Este exemplar foi fotografado há dias no Jardim Botânico do Porto, e os muitos insectos em volta dele davam testemunho do seu apreço por quem os sustenta em época de flores magras.
Há uma peculiaridade que as plantas do género Sedum partilham com a generalidade dos membros da família Crassulaceae: os seus estomas (poros por onde as plantas «respiram», absorvendo dióxido de carbono e libertando oxigénio e vapor de água) só abrem à noite, o que diminui as perdas de água por transpiração e reforça a sua adaptação a ambientes áridos.