28/02/2010

XV Exposição de Camélias do Porto

A tradicional exposição de Camélias do Porto tem lugar na Biblioteca Almeida Garrett (nos jardins do Palácio de Cristal) e é já no próximo fim-de-semana. Eis o programa completo:

Sábado, 6 de Março:
14h30 - Inauguração da exposição e sessão de atribuição de prémios aos concorrentes.
14h30 às 20h00 - Exposição.


Domingo, 7 de Março:
10h00 às 18h30 - Exposição.
11h00 e 15h00 - Visitas guiadas aos seguintes jardins da Universidade do Porto:
* Jardim Botânico (Quinta do Campo Alegre)
* Casa Burmester;
* Círculo Universitário (Casa Primo Madeira)
* Faculdade de Arquitectura (Casa Mendes de Almeida).
As inscrições para estas visitas deverão ser feitas previamente junto da banca da Associação Portuguesa das Camélias (presente no local da exposição).

27/02/2010

Tremoceiro corado

Lupinus gredensis Gand.
Blushing is the most peculiar and the most human of all expressions. Monkeys redden from passion, but it would require an overwhelming amount of evidence to make us believe that any animal could blush. The reddening of a face from a blush is due to the relaxation of the muscular coats of the small arteries, by which the capillaries become filled with blood; and this depends on the proper vaso-motor centre being affected. No doubt if there be at the same time much mental agitation, the general circulation will be affected; but it is not due to the action of the heart that the network of minute vessels covering the face becomes under a sense of shame gorged with blood. We can cause laughing by tickling the skin, weeping or frowning by a blow, trembling from the fear of pain, and so forth; but we cannot cause a blush (...) by any physical means — that is, by any action on the body. It is the mind which must be affected. Blushing is not only involuntary; the wish to restrain it, by leading to self-attention, actually increases the tendency.

We have now to consider, why should the thought that others are thinking about us affect our capillary circulation?

Charles Darwin, The Expression of the Emotions in Man and Animals (The Folio Society, 2008)

26/02/2010

Gigantes da montanha

Carvalha das éguas — Serra do Gerês
Há dois gigantes nesta história, um vegetal e outro de pedra. Poderia haver mais em ambas as categorias, mas história curta tem de ser avara em protagonistas, sob pena de se dispersar. Para visitarmos os gigantes no seu sono invernal, dirigimo-nos ao cruzamento da Pedra Bela, na Serra do Gerês. Primeiro vamos ao miradouro espreitar a albufeira dos três rios, duas pontes e muita névoa a preencher o fundo de um caldeirão de paredes verdejantes. Só depois nos metemos por um caminho florestal entre pinheiros-silvestres de folhagem tão delicada que parecem transplantados de um jardim japonês. Não falta sequer o riachinho meandroso a fazer de rio em miniatura. O caminho hesita, dobra-se sobre si mesmo, encavalita-se, encolhe-se para se esgueirar entre dois penedos. Dir-se-ia que perdeu o norte, mas lá o reencontra, e é mesmo para norte que ele nos conduz. Há um troço já tranquilo, rectilíneo, que acompanha, pelo lado nascente, uma cerca de arame delimitando um curral rectangular com algumas centenas de metros de extensão. Estamos a 930 metros de altitude, é Inverno, não há animais a pastar. Junto ao rústico abrigo onde pernoitavam pastores mora o primeiro gigante. Que, ao que parece, é do sexo feminino — chamam-lhe carvalha das éguas — e é afinal constituído por dois indivíduos autónomos, dois veneráveis carvalhos talvez unidos pelos laços do matrimónio para formarem uma só alma-árvore. Se aqui até os dias são gelados, como serão as noites? Dentro do curral não há mais árvores, e é natural que eles (ou elas?) busquem aconchego nos ramos um do outro.

Lomba do Vidoeiro — Serra do Gerês
O segundo gigante não mora longe, mas o resto do caminho até lá revela-se problemático, com descidas onde temos de saltitar de pedra em pedra para não metermos o pé na poça. Por fim, desembocamos num terreiro plano, amplo, com um pinhal à nossa esquerda, pastagens semeadas com rochas à nossa frente e, à direita, uma elevação coroada por um afloramento granítico. Coçamos a grenha para saber por onde continuar, pois não há qualquer trilho claramente marcado no chão. Vêem-se os montículos de pequenas pedras sobrepostas com que temos deparado amiúde no nosso caminho: chamam-se mariolas, e eram usadas pelos pastores para se orientarem. Se até aqui não nos enganaram, a solução é confiar nelas. E é para a direita — para nascente — que as mariolas nos puxam. Estamos na Lomba do Vidoeiro, cruzamos outro curral com um abrigo ainda mais mal-amanhado do que o anterior, e eis-nos a caminho do vale da Teixeira. Mas não vamos tão longe, pois o dia é curto e há que retroceder. Além disso, acabámos de encontrar o segundo gigante.

No caso dele não é muito apropriado falar de sono invernal. O sono ininterrupto que o acomete nesta estação não é assinalado por nenhuma descontinuidade em relação ao sono que já vem de tempos imemoriais. De cabeça enterrada nos ombros, imerso em sonhos que se materializam em brumas, tem pinheiros a crescer-lhe nos braços, nas costas e na nuca. Há também urzes sorrateiras que se aproveitam da sua macambúzia imobilidade para lhe subirem aos ombros. Ficamos a contemplá-lo de longe, com respeito, sem pretender imitar o atrevimento das plantas. Até que chega a altura de lhe virarmos as costas para nos irmos embora.

25/02/2010

As orquídeas acordaram

Barlia robertiana (Loisel.) W. Greuter


As orquídeas europeias são plantas vivazes, capazes de durarem muitos anos, florindo anualmente se as condições forem favoráveis. Contudo, cada pé fica pouco tempo à superfície, florescendo e frutificando em poucas semanas, optando por prosseguir o seu ciclo anual protegido no subsolo.

Algumas espécies escondem-se 7 meses seguidos. Outras produzem uma roseta de folhas no Outono, alimentadas por um tubérculo subterrâneo, e mantêm-se à vista durante todo o Inverno. Se a estação for de frio intenso, estas primeiras folhas até se estragam, mas isso não é grave porque entretanto um segundo tubérculo começa a formar-se no subsolo — um farnel precioso para futuras aventuras. Como ainda não é necessário, desenvolve-se com vagar e só em Fevereiro-Abril está pronto a servir. E nesta altura é essencial: a inflorescência está a nascer e os nutrientes do tubérculo de Inverno estão quase esgotados.

Depois das flores, em breve teremos os frutos com as milhares as sementes minúsculas (de uns 0,5 mm de diâmetro; em comparação, um grão de arroz é colossal) que a mais leve brisa dissemina. Todavia, nem todas elas germinam — e ainda bem, senão as descendentes de uma única orquídea cobririam todo o planeta em meia dúzia de gerações —, pois precisam de solo apropriado e dependem, nesta fase, de um fungo microscópico que penetra na semente, infecta parcialmente o embrião sem o destruir (há por ali fungicida que baste para impedir tal desaire) e produz açúcares que alimentam a componente saudável. Esta cresce rapidamente, transformando-se num bolbo que contém as instruções de montagem duma plantinha nova. Que pode levar de dois a quinze anos até florir pela primeira vez.

Mas voltemos à planta-mãe. Estamos no fim da Primavera e, passada a frutificação, as folhas e flores murcharam. Cabe agora ao segundo tubérculo a tarefa mais importante: endireitar-se, para lançar as primeiras folhas, as que emergirão no próximo Outono.

A orquídea peralta das fotos cumpre um ciclo semelhante a este, e é das primeiras a florir. Precisa de solo alcalino em espaço aberto e com pouca vegetação. A inflorescência é densa, com flores em cacho e perfume de íris, e pode chegar aos 70 cm de altura. Encontra-se em toda a bacia mediterrânica mas é considerada algo rara — embora não em Ansião, onde vimos há poucos dias dezenas de pés em flor.

24/02/2010

Às paredes com feto

Asplenium trichomanes L. subsp. quadrivalens D. E. Mey.
Há espécies vegetais que, se não co-evoluíram com a espécie humana, pelo menos adaptaram-se muito bem à nossa quase sempre devastadora presença. Antes do betão armado e das modernas fachadas de vidro, construímos muros pelo simples processo de empilhar pedras, juntando-lhes ou não argamassa para reforçar a estabilidade do conjunto. E, por entre os interstícios dessas rudes construções, romperam plantas como se a pedra fosse para elas terra fértil.

Segundo Hanno Shäfer, no livro Flora of the Azores — a Field Guide (Margraf Publishers, 2.ª edição, 2005), o Asplenium trichomanes, apesar de nativo dos Açores, subsiste nessas ilhas quase exclusivamente em habitats criados pelo homem. No continente a situação não diferirá muito dessa, e é fácil encontrar esta avenca entre os adereços vegetais que recobrem velhos muros. Pode, no entanto, ser problemático decidir, em locais onde a actividade humana há muito cessou, se aquele arranjo de pedras fez ou não parte de algum muro entretanto desaparecido.

Asplenium adiantum-nigrum L. Asplenium billotii F. W. Schultz
[e também Umbilicus rupestris]

O género Asplenium, presente em todos os continentes com excepção da Antárctida, inclui mais de 700 espécies de fetos em geral sempre verdes. Uma das características diferenciadoras que exibem, visível na foto acima, é que os esporângios se dispõem em formações lineares mais ou menos paralelas entre si, direccionadas para a extremidade dos folíolos.

É provável que o epíteto adiantum do feto-negro se deva, não às suas propriedades intrínsecas, mas apenas à sua semelhança com algum feto do género homónimo. Se assim for, não é muito pertinente saber que a palavra provém do grego adiantos, que significa não molhado. É que os fetos com o nome genérico Adiantum, depois de mergulhados na água, saem tão secos como um pato que acabasse de sacudir as penas. Um deles, o Adiantum capillus-veneris, é a avenca habitualmente cultivada em vasos, e por isso o leitor talvez tenha à mão todo o material necessário para comprovar o fenómeno.

Errata. As fotos acima são do Asplenium billotii e não do A. adiantum-nigrum. Ambos frequentam fissuras de muros e de rochas silícicas em lugares sombrios e frescos, mas o primeiro distingue-se do segundo por ter, em geral, as pinas das frondes mais arredondadas.

23/02/2010

Morangos de enganar

Potentilla indica (Andrews) Th. Wolf [= Duchesnea indica (Andrews) Focke]

Fragaria vesca L.
O género Fragraria abriga 12 espécies perenes da Europa, Ásia, América do Norte e Chile, as quais, além de se propagarem por semente, se disseminam vegetativamente por meio de estolhos — ou seja, por rebentos nascidos nos nós do caule, que é rastejante para que as gerações sucessivas não se acotovelem umas às outras. As folhas são trifoliadas e as flores brancas, agrupando-se em cimeiras de 2 a 10 unidades. O fruto é múltiplo, formado por numerosos aquénios implantados num receptáculo carnudo.

O morango cultivado (Fragaria x ananassa Duchesne) é um híbrido obtido no século XVIII entre a F. chiloensis (L.) Duchesne, do Pacífico, e a americana F. virginiana Duchesne. Produz frutos maiores que o morango silvestre (de que há três espécies europeias, F. vesca L., F. moschata Duchesne e F. viridis Duchesne), mas este é, em geral, mais saboroso e perfumado. O cultivar Fragaria 'Pink Panda', obtido em 1989 por cruzamento entre a Fragaria x ananassa e a Potentilla palustris (L.) Scop., é de folhagem caduca, não desenvolve estolhos e as flores são cor-de-rosa.

O falso-morango (antes Duchesnea indica (Andr.) Focke, agora Potentilla indica (Andr.) Wolf) pode induzir em erro quem não lhe vir a flor. Também é planta vivaz que se divide por estolhos, tem folhas igualmente trifoliadas (e tomentosas), com folíolos ovais e crenados, mas as flores são solitárias e de pétalas amarelas. O fruto resume-se a um receptáculo esponjoso, brilhante e comestível mas insípido — famoso, contudo, na farmacopeia chinesa, por possuir acção anti-séptica e anti-cancerígena. É herbácea nativa do sudeste da Ásia; mas, introduzida na Europa como ornamental, é agora abundante em margens de ribeiros e bosques umbrosos de outras regiões temperadas, formando no Inverno um bem-vindo revestimento de solos — que pode, porém, degenerar numa ocupação abusiva da terra arável.

O francês Antoine Nicolas Duchesne (1747 — 1827) foi horticultor e publicou, em 1766, uma aclamada obra, com o título Histoire naturelle des fraisiers, sobre os vários tipos de morangos e a sua origem.

22/02/2010

Alecrinzito

Halimium calycinum (L.) K. Koch
Porque as folhas deste pequeno arbusto lhes fazem lembrar as do alecrim (Rosmarinus officinalis L.), os espanhóis chamam-lhe romerito ou romera; ao alecrim, está bom de ver, chamam eles romero. De facto, há pelo menos quatro romeritos na flora espanhola, todos de folhagem semelhante: dois no género Cistus [C. libanotis L. e C. clusii Dunal], e dois no género Halimium [H. calycinum e H. umbellatum (L.) Spach]. O H. calycinum dá flores amarelas, os outros três alecrinzitos dão flores brancas. Escusado será dizer que a designação agora proposta, num arroubo algo irreflectido de iberismo, vai agravar a confusão entre os portugueses que se iniciam nos mistérios da botânica. Pese embora a semelhança fortuita da folhagem, o alecrim e os alecrinzitos integram famílias botânicas bem distantes uma da outra, como aliás se constata pela morfologia das flores. Pensando bem, talvez seja mais avisado continuarmos a chamar sargaço(a) ou sargacinho(a) aos arbustos do género Halimium.

Se não fossem as flores a vincar a diferença, o Halimium calycinum e o Cistus libanotis seriam quase gémeos, com o segundo um pouco mais espigado do que o primeiro (1 m contra 60 cm). Ambos ocorrem no litoral português, o primeiro do Douro Litoral ao Algarve, o segundo só em partes da costa alentejana e da algarvia. O Pinhal de Leiria, onde os arbustos das fotos foram encontrados em local próximo da Praia do Pedrogão, é bem representativo do tipo de habitat escolhido pelo H. calycinum: pinhais costeiros, matos secos e dunas. Ocasionalmente, mas não em Portugal, encontra-se também em terrenos arenosos longe do mar, como os que há na província de Madrid, onde a planta é protegida por lei. Globalmente, a sua distribuição restringe-se à Península Ibérica e a Marrocos.

A flor aí em cima, desabrochada ainda em Janeiro, deve ser a primeira do ano. Havia mais botões no mesmo arbusto, e muitos arbustos sem um único botão, mas flores só havia essa. Entretanto muitas mais terão aberto; até Junho ou Julho, a produção deve continuar a bom ritmo. Pois estas são flores de um dia só, e importa não deixar que o colorido esmoreça.

21/02/2010

Curso de Botânica



Estão abertas até 28 de Março as inscrições para o Curso de Botânica - Morfologia e Identificação, organizado pela Sociedade Portuguesa de Botânica. O curso decorrerá de 26 de Abril a 1 de Maio no Parque de Natureza de Noudar, em Barrancos.

O curso tem carácter prático, inclui várias saídas de campo, e visa os seguintes objectivos:

  • Fornecer conhecimentos científicos práticos que permitam a identificação de plantas à lupa e no campo.
  • Adquirir as bases teóricas para a compreensão das estruturas morfológicas das plantas.
  • Desenvolver a prática na observação de material vegetal com recurso a instrumentos de observação.
  • Desenvolver a prática na utilização de chaves de identificação, uso de Floras e nomenclatura botânica.
Para mais informações, consulte esta página da Sociedade Portuguesa de Botânica.

20/02/2010

Tílias limianas

Tilia tomentosa Moench
Some little time ago I stood among immemorial English trees that seemed to take hold upon the stars like a brood of Ygdrasils. As I walked among these living pillars I became gradually aware that the rustics who lived and died in their shadow adopted a very curious conversational tone. They seemed to be constantly apologizing for the trees, as if they were a very poor show. After elaborate investigation, I discovered that their gloomy and penitent tone was traceable to the fact that it was winter and all the trees were bare. I assured them that I did not resent the fact that it was winter, that I knew the thing had happened before, and that no forethought on their part could have averted this blow of destiny. But I could not in any way reconcile them to the fact that it was winter. There was evidently a general feeling that I had caught the trees in a kind of disgraceful deshabille, and that they ought not to be seen until, like the first human sinners, they had covered themselves with leaves. So it is quite clear that, while very few people appear to know anything of how trees look in winter, the actual foresters know less than anyone.

G.K. Chesterton, The Defendant (1901)

19/02/2010

Pinheiros rastejantes

Pinus pinaster Aiton — Praia do Pedrogão, Leiria


O litoral centro do país é uma plantação quase contínua de pinheiros-bravos. É lá que se encontra o famoso pinhal que D. Dinis, o rei-poeta dos primórdios da nossa nacionalidade, teria mandado semear. O Pinhal de Leiria, também chamado Pinhal do Rei, não se situa exactamente em Leiria, mas sim na Marinha Grande. Contudo, os pinhais adjacentes à Praia do Pedrogão, igualmente integrados em matas nacionais e em tudo indistinguíveis do vizinho Pinhal de Leiria, ficam já no concelho de Leiria. Por isso não será um abuso de grande monta colocar a etiqueta Pinhal de Leiria no rodapé desta mensagem.

Os pinheiros serpentes, obrigados pela maresia a adoptar uma retorcida postura horizontal, são um dos ex-libris da franja marítima destas matas. Umas dezenas de metros mais arredados do mar e os pinheiros já levantariam a cabeça sem dificuldade. Ou talvez estes répteis vegetais se tenham desenvolvido numa época em que a vegetação dunar (camarinhas, sabinas, acácias), mais escassa do que hoje, não funcionava como cortina de protecção.

O pinheiro da foto está morto. Logo ao lado havia outro ainda vigoroso, mas não se curvava de modo tão arrepiante. O que porém nos arrepiou de verdade foi notar como eram muitos os pinheiros total ou parcialmente desfolhados. Não sabemos se o nemátodo do pinheiro já aqui chegou e se essas árvores foram as suas vítimas. Agora que pouco ou nada se pode fazer para travar a propagação da doença, só nos resta desejar que a maioria dos pinheiros consiga resistir-lhe. Porque a perda destes pinhais, com a toda a riqueza natural que encerram, seria uma catástrofe inimaginável.

18/02/2010

Focinho-de-doninha

Misopates orontium (L.) Raf. / Misopates calycinum Rothm.


Entre 1753, ano em que Lineu as descreveu como calycibus corolla longioribus (com sépalas maiores que a corola), e 1840, quando Rafinesque propos a mudança taxonómica, estas plantas pertenceram ao género Antirrhinum. Tal designação (do grego anti, semelhante, e rhinos, nariz, que popularmente se abrevia para boca-de-lobo) atenta no formato das flores; e, a um olhar em diagonal, estas parecem realmente idênticas, até no matiz violeta, às do Antirrhinum majus L. e, na tonalidade branca, às do Antirrhinum meonanthum Hoffmanns. & Link.

Mas o honroso avanço da ciência exige um exame mais cuidadoso e, a essa lupa, estas plantas são distintas. Por isso, a alteração de nome científico está sujeita hoje a contestação mais branda. A diferença mais notória, chave da identificação, está precisamente nas flores: as sépalas no género Misopates (palavra que deriva do grego misos, odiar, e patein, pisar) são mais numerosas e muito mais longas — quase duas vezes o tamanho da corola no M. calycinum, não tanto no M. orontium — do que as cinco sépalas do género Antirrhinum, que nem chegam a cobrir um quinto da corola. E esta característica é persistente, mantendo-se nos cultivares como um ganho de que a evolução não quer prescindir.

Mas há outras diferenças a apontar; das cinco que a seguir listamos, as duas últimas são de especial importância: 1. O Antirrhinum majus é planta perene; o Misopates orontium é anual. 2. As folhas do Antirrhinum majus, opostas na base, alternadas nas posições cimeiras do talo, são lanceoladas e largas, com a nervura central vincada; as do Misopates são lineares, quase filiformes. 3. As pétalas formam um tubo encimado por dois lábios, o inferior grande e penugento, o superior menor e levantado como uma quilha — como nas linárias, sem a espora — mas no Antirrhinum majus a corola tem quase o dobro do tamanho. 4. O Misopates tem tendência para a auto-fertilização, e é por isso potencialmente capaz de reprodução assexuada; no Antirrhinum não há registo de tais procedimentos, dependendo ele fortemente da polinização cruzada efectuada por insectos. 5. Cada semente do Misopates é uma tacinha; as do Antirrhinum são quase esféricas.

A onda de transferências que quase esvaziou a família Scrophulariaceae levou também estes dois géneros para a família Plantaginaceae.

17/02/2010

Cabeleira postiça

Polypodium interjectum Shivas


Sabemos que o Inverno é para cumprir quando as árvores largam a cabeleira verde. Tivéssemos nós, como elas, a paciência de esperar sem perder a compostura, e o mundo seria um lugar mais calmo. Há porém um fenómeno que nos faz duvidar do bom senso de algumas árvores, sobretudo das que já levam muitas décadas de existência. Não é que elas, como se se envergonhassem da nudez, se recobrem esparsamente com uma verdura postiça?

Nem é preciso ir ao Jardim Botânico de Coimbra para ver tal coisa, embora as tílias da famosa avenida sejam particularmente susceptíveis a esta caquéctica forma de vaidade. Se o leitor está numa sala que dá para uma rua com árvores, chegue-se aí num instante à janela. Ou então, quando mais logo for passear o cão, esteja atento à árvore onde ele escolhe aliviar-se. Porque são muitas as árvores em cujas ramadas uma folhagem rala, mas indubitavelmente verde, faz companhia ao musgo.

Essa folhagem que a árvore toma de empréstimo pertence a um feto do género Polypodium. Três espécies de difícil distinção entre si são comuns em Portugal. Não juramos que o Polypodium interjectum, acima ilustrado, que por vezes apresenta as extremidades das pinas arredondadas em vez de pontiagudas, e tem soros de forma elíptica ou oval, seja o mesmo que resolveu empoleirar-se na tília aí em baixo. Mas esta distinção é de pouca importância: todos os nossos polipódios têm morfologia semelhante e partilham o mesmo gosto de cavalgar nas árvores. Não são plantas parasitas, mas apenas epífitas, tal como as orquídeas dos trópicos. Acontece-lhes também viverem agarradas a rochas, muros, telhados ou beirais.

O Polypodium interjectum leva em português os nomes de feto-doce ou fentelho. As suas frondes, de que em cima vemos a frente lisa e o verso salpicado de esporângios, atingem os 40 cm de comprimento. É um feto que se encontra espalhado por boa parte da Europa.

Tilia x europaea L. — Jardim Botânico de Coimbra

16/02/2010

Paris nos Himalaias

Paris polyphylla Sm.
O nome deste género não se refere ao pusilânime Páris, filho do rei Príamo e frívolo sedutor de Helena a quem o irmão, Heitor, repreendeu: «Páris devasso, nobre guerreiro somente na cuidada aparência, /(...) Na verdade rir-se-ão os Aqueus de longos cabelos, / ao pensarem que combates na linha da frente porque és belo / de corpo, a despeito de te faltar força de espírito e coragem.» [Homero, Ilíada, trad. Frederico Lourenço]

Paris é um adjectivo latino que significa igual e, no contexto botânico, dá ênfase à regularidade das várias componentes da eurosiberiana Paris quadrifolia L.: 4 folhas sésseis em círculo, 4 sépalas lanceoladas verdes, 4 pétalas verdes estreitas, 2 x 4 estames amarelos longos e 4 estigmas escuros. Trata-se de uma planta vivaz com rizoma tuberoso e um talo que não se ramifica, e é a única espécie europeia do seu género — embora não seja espontânea em Portugal... nem na Grécia. Pede terrenos húmidos, floresce de Maio a Junho, e cada flor, solitária, produz um fruto globular azul-escuro que contém duas sementes castanhas. É tóxica mas foi amplamente usada em remédios caseiros.

A Paris da foto, de bosques umbrosos da China e dos Himalaias, não vai além dos 40 cm de altura, talvez por viver entre os 2000 e os 3000 m de altitude. Mostra grande variação morfológica mas, em geral, o seu saiote tem mais folhas do que o da P. quadrifolia, daí a designação polyphylla. As peças florais resumem-se a seis-oito tépalas exteriores lanceoladas e verdes, outras tantas tépalas interiores finas como fios, amarelas ou púrpura, dez ou mais estames curtos e um ovário superior com quatro carpelos, quatro estiletes e estigmas lobados. O fruto é uma cápsula verde contendo sementes de tom escarlate. É planta estimada como adorno e preciosa pelo seu uso na farmacopeia asiática.

15/02/2010

Verdes são os pentes

Blechnum spicant (L.) Roth
São cerca de duzentas as espécies do género Blechnum, mas em Portugal só uma nos calhou em sorte. Fetos terrestres sempre-verdes, rizomatosos, originários de zonas tropicais ou temperadas, preferem habitats resguardados e húmidos, de que são exemplo margens de riachos ou ribeiras em bosques frondosos. Os dois locais onde foram obtidas as fotos, a Mata da Margaraça, em Arganil, e a Serra de Pias, em Valongo, são aliás bem elucidativos dessa preferência.

As frondes do Blechnum spicantfeto-pente em português, hard-fern em inglês —, com 30 a 60 cm de comprimento, começam por ser erectas, mas descaem ao envelhecer para formar desalinhados tapetes. Uma comparação das folhas na segunda e terceira fotos pode, contudo, causar alguma estranheza. Numa delas vemos que os folíolos são estreitos, quase filiformes; na outra eles já têm uma largura considerável e estão muito mais próximos uns dos outros. De facto, esses dois tipos de frondes cumprem tarefas distintas, embora coexistam na mesma planta. As primeiras frondes a brotar são estéreis, e a sua função é estender o tapete para a chegada das segundas, as únicas que transportam os esporângios. Só quando as frondes pioneiras se deixam cair prostradas é que do centro da roseta por elas formada emergem as frondes fertéis.

É do Tejo para norte que em Portugal aparece o Blechnum spicant. Globalmente, a sua área de distribuição abrange a Europa, o norte da Ásia e ainda a porção ocidental da América do Norte.

14/02/2010

Plantas em Volta

Com os nossos serviços normais encerrados ao domingo, fica o convite para ler este pequeno texto sobre uma planta da flora portuguesa, a Linaria triornithophora, que escrevi para a série Plantas em Volta da Sociedade Portuguesa de Botânica.

13/02/2010

Mariposa de Monterey

Calochortus uniflorus Hook. & Arn.
Love is just fear I suppose. Masquerading as a fever. Then you explore each other and suddenly you have licence to become totally pedestrian. And ultimately abusive.

Rebecca Lenkiewicz, Her Naked Skin (Faber and Faber, 2008)

12/02/2010

Erva-de-ouro

Asplenium ceterach L. [= Ceterach officinarum DC.]
As flores atraem não só insectos como fotógrafos — mas, se o fotógrafo insiste em visitar os espaços naturais mesmo quando as flores escasseiam, por alguma outra coisa se há-de ele interessar. E por que não pelos fetos? Essas plantas discretas, ditas primitivas, dispensam a cooperação dos insectos na sua propagação, e por isso flores não é com elas. Em contrapartida, não se fazem rogadas em aparecer: indiferentes ou quase à sucessão das estações, mostram o que têm para mostrar durante o ano inteiro.

Os fetos têm um método de reprodução que é um modelo de castidade. Não que se trate de reprodução assexuada. O que se passa é que a planta adulta delega a parte promíscua do processo numa plantícula (o gametófito) que morre depois de consumada a fecundação. No verso das folhas (ou frondes) da maioria dos fetos encontram-se, isolados ou em grupos, os esporângios, minúsculas cápsulas que contêm grande número de esporos. Os esporos, expelidos pelo feto adulto e disseminados pelo vento ou pela água, podem ficar dormentes durante um longo período. Só na presença da humidade é que germinam, dando origem aos tais gametófitos a quem cabe o acto vergonhoso. A humidade é necessária porque os anterozóides fecundantes produzidos pelo gametófito deslocam-se na água até aos orifícios (arquegónios) onde se escondem os óvulos.

(Não vá este arranjo nupcial sair furado, muitos fetos têm ainda a opção de se reproduzirem vegetativamente, quer através de rizomas, quer largando plantinhas embrionárias que se formam na extremidade das frondes.)

Um dos fetos mais bonitos da nossa flora espontânea, com as suas frondes pinadas de margens redondas e prateadas, é a erva-de-ouro ou douradinha. Está presente em rochas e muros de norte a sul do país, mas — talvez para não gastar beleza à toa — não parece ser nada abundante.

11/02/2010

Flor de azevinho

Ilex aquifolium L.
Antes dos nomes binários, o azevinho chamou-se Ilex aculeata baccifera, que é como quem diz, azinheira espinhosa e com bagas. Os espinhos tendem a desaparecer com a idade, como o amansar na velhice do temperamento de um avô, e as margens das folhas tornam-se então inteiras. Os frutos, carnudos e tóxicos, mantêm-se muito tempo na árvore e são a sua faceta mais vistosa e mais bem conhecida. Atentemos por isso nas flores.

Este arbusto é dióico. Mais ou menos. As flores são funcionalmente unissexuais, e há pés masculinos e femininos, mas pouco se distinguem na forma e conteúdo. São brancas ou levemente coradas, nascem nas axilas das folhas, e cada tipo tem vestígios do outro sexo: nas masculinas há um ovário rudimentar; nas femininas, estames com anteras estéreis. Estranha-se esta criação mal amanhada da natureza, que não costuma ser tão perdulária. Mas quem sabe se não é afinal esta uma opção ponderada; se tais apêndices — como o nosso — não tiveram outrora algum uso e estão a ser desligados com prudência; ou se os orgãos aparentemente supérfluos não estão apenas adormecidos, prontos para um aperto imprevisto.

A madeira do azevinho é alva, de textura fina mas muito dura (boa, portanto, para cabos de ferramentas) e pesada (não flutua na água). Usava-se, tingida de negro para imitar o ébano, em móveis de luxo, baquetas de tambor ou varetas de espingardas. Isso antes do decreto-lei de 1989 que reconhece a situação vulnerável da espécie e a protege do declínio. Essa proibição foi, curiosamente, publicada no início de Dezembro, recriminando com diplomacia o excessivo uso natalício do arbusto. Mas a receada fome logo deu em fartura, com os horticultores, sob a benção da Holly Society, a produzirem rapidamente inúmeros cultivares de jardim, alguns de folhagem variegada ou dourada.

10/02/2010

Pombinhas na praia

Corrigiola littoralis L.


Talvez em nenhum outro país do mundo haja tantas dinastias de pechisbeque como em Portugal. Em cada uma das nossas famílias proeminentes, há aqueles que granjearam fama ou prestígio, e os outros que herdam o lustro sem nada fazerem por merecê-lo. E tal fulgor baço, em segunda mão, é suficiente para garantir uma existência confortável a esses satélites desprovidos de qualidades luminescentes. Aquele que, não sendo ele próprio ilustre, é — conforme atestam os seus sobrenomes — filho, irmão, neto ou sobrinho de «alguém», tem, para seu proveito pecuniário, lugar garantido nos conselhos de administração, e, como caução cultural, direito a destaque nos escaparates para os seus medíocres livros.

No mundo das plantas pode não haver vantagens apreciáveis em se pertencer a uma família de pergaminhos ilustres. Consideremos o caso da família Caryophyllaceae: deu-nos os cravos da revolução (género Dianthus); encanta-nos com as silenes que, nas praias ou nos montes, são das plantas mais atraentes da nossa flora espontânea; e ainda, benfazeja, nos incita à higiene com a erva-saboeira. Há, porém, membros da família de que nem notamos a existência, e que até podemos pisar sem dar por isso. Aos olhos de uma formiga, tivesse ela vagar para tais contemplações, as flores da correjola, brancas e tingidas de rubro, devem ser das mais formosas que existem. Mas nós, por nem sempre andarmos de gatas com uma lupa na mão, não lhes damos grande valor. Uma florinha de 2 mm não é coisa que deslumbre a nossa vista desarmada.

A Corrigiola littoralis, conhecida também como erva-pombinha, é, como o nome científico sugere, uma planta das dunas do litoral, mas também aparece longe da costa em altitudes que podem ultrapassar os 1000 m. Tão discreta ela é que se torna difícil dizer se ocorre ou não frequentemente no nosso país. É, em qualquer caso, muito fácil de detectar no Parque das Dunas da Aguda, em Gaia, onde até lhe puseram placa identificativa.

09/02/2010

Sabina e o mar

Juniperus phoenicea L. subsp. turbinata (Guss.) Nyman


Como vão? Afadigados? Mas agora estão sentadinhos, não é? Então conversemos nesta esquina, desse modo descansam e eu tenho a graça da vossa companhia.

Sabem o que é um sabino? Eu nunca tinha usado esta palavra. É um cavalo de pelagem branca mesclada de vermelho e preto. Curiosamente, uma sabina não é uma égua, e até pertence a outro reino: é um junípero que tem frutos igualmente coloridos. O das fotos, acompanhado por um pinheiro moribundo, tem copa turbinata, que traz à memória um pião, aquele brinquedo de madeira em forma de pêra com uma ponta metálica.

[Hã?... E conseguiam jogá-lo para ele bailar aprumado, manipulando o fio sem o fazer tropeçar na dança? Eu não. O pião era brinquedo de meninos. Agora vendem-se em cristal, prenda desajeitada. Felizmente a ciência não é esquisita quanto ao género que a estuda, e a requintada física deste movimento está acessível a todos. Mas estou a desviar-me, onde é que eu ia?]

Ah, sim, a copa densa deste junípero tem o formato de um pião grande, excepto se o vento exagera e a obriga a rastejar, torcendo-lhe a vontade. Como o cavalo ou o pião, a sabina (referenciada por alguns como Juniperus turbinata Guss.) tem encantos. Mora em matagais litorais, dunas fixas e areais, ou vales quentes e secos da região mediterrânica. Floresce de Fevereiro a Abril e distingue-se de outros juníperos por ter frutos ruivos quando maduros (com costuras na casca), e alguns ramos que se juntam numa ponta alargada, como uma cauda, excedendo a grossura da ramagem adjacente; além disso, as folhinhas cobrem os talos, em disposição tão justa que estes são suaves ao tacto. Como é frequente na família Cupressaceae, as folhas juvenis (três por cada nó, aciculares, de uns 15 mm de comprimento) são distintas das adultas (estreitas, escamiformes, com glândulas resinosas no dorso). Os cones masculinos e femininos nascem na mesma planta (raramente em pés distintos).

É espécie longeva e protegida em alguns habitats. O que significa isso? Pouco, para falar verdade. A madeira é compacta, de grão fino, duradoura e aromática, por muitos a preferida para as lareiras. Por isso, e porque cresce lentamente, são escassos os exemplares bem desenvolvidos.

08/02/2010

Cidadã do mundo

Senecio vulgaris L.
A tasneirinha ou cardo-morto é o par ideal para a barbicha-de-bode: são duas plantas sem eira nem beira, e cada uma delas tem o que falta à outra. Enquanto que as inflorescências do Tragopogon pratensis são constituídas unicamente por florículos externos, as do Senecio vulgaris só têm florículos tubulares. Dito de modo menos rigoroso, as primeiras dispensam a almofadinha central, que é única coisa que existe nas segundas.

Quando as inflorescências da tasneirinha, muito bem arrumadas em cilindros verdes decorados com pintinhas negras, se transformam em frutos, o resultado é uma esfera pilosa daquelas que se sopram para averiguar se o pai do outro é ou não careca. Foram estes cabelos brancos — que de facto se chamam papos, e são igualmente vistosos nos dentes-de-leão — que motivaram o nome genérico Senecio, do latim senex = homem velho.

Resistindo tenazmente à perseguição que, com base em alegações em boa parte infundadas sobre a sua perigosidade, lhe é movida em todos os continentes habitados, a tasneirinha floresce o ano inteiro, e aproveita qualquer canto, nem que seja uma brecha do passeio, para fazer germinar as suas sementes. Agradecem os pássaros que delas se alimentam, e nós mesmos não deveríamos ser tão ingratos.

07/02/2010

Camélias a norte

É animador o número de municípios que têm vindo a perceber que os jardins históricos, privados ou públicos, além do valor patrimonial que encerram, podem funcionar como atractivo turístico. E aqui, no canto noroeste do país, jardim sem camélias é um aleijão e um contra-senso. Celebrando a época de floração do formoso arbusto, são nada menos que quatro os municípios da região a organizar exposições de camélias, com programas que incluem igualmente visitas guiadas a jardins históricos. Eis o calendário das festividades:

  • 27 e 28 de Fevereiro: Lousada - em frente à Câmara Municipal (mais informações);
  • 6 e 7 de Março: Porto - Biblioteca Almeida Garrett (jardins do Palácio de Cristal);
  • 13 e 14 de Março: Celorico de Basto (mais informações em http://www.qualidadebasto.pt/ ou pelo telefone 255320250);
  • 20 e 21 de Março: Guimarães - Fundação Martins Sarmento.
Estas exposições decorrem sem excepção ao fim-de-semana, são inauguradas ao princípio da tarde do primeiro dia (sábado), e no domingo estão abertas ao público durante todo o dia.

06/02/2010

Sociedade Portuguesa de Botânica

Centaurium erythraea Rafn

.....A sul, algo de novo.